Mourão: ele ainda minimizou as declarações dos filhos de Bolsonaro, que se expressaram contra o nome de Ilona (Marcelo Camargo/Agência Brasil)
Clara Cerioni
Publicado em 6 de março de 2019 às 12h03.
Última atualização em 6 de março de 2019 às 12h13.
São Paulo — O vice-presidente Hamilton Mourão lamentou o recuo do ministro da Justiça, Sérgio Moro, em relação à indicação da cientista política Ilona Szabó para o Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária (CNPCP).
Em entrevista ao jornal Valor Econômico, publicada nesta terça-feira (5), Mourão disse que a decisão que reverte o convite a Szabó como suplente no CNPCP é uma derrota para o país. O vice ressaltou também que o Brasil precisa aprender a conviver com as diferenças de opinião.
"Eu acho que perde o Brasil. Perde o Brasil todas as vezes que você não pode sentar numa mesa com gente que diverge de você. O Brasil perde. Não é a figura A, B ou C. Perde o conjunto do nosso país e nós temos que mudar isso aí”, disse o vice-presidente.
Mourão minimizou as declarações dos filhos de Bolsonaro, que se expressaram contra o nome de Ilona. Logo após a indicação de Moro se tornar pública, o senador Flávio questionou "como essa Ilona Szabó aceita fazer parte do governo Bolsonaro".
Meu ponto de vista é como essa Ilana Szabó aceita fazer parte do governo Bolsonaro.
É muita cara de pau junto com uma vontade louca de sabotar, só pode.— Flavio Bolsonaro (@FlavioBolsonaro) March 1, 2019
“Não foi (influência dos filhos). Ali, para mim, a minha visão é de que houve ataque de ambos os lados. Da ala mais radical dos apoiadores do presidente e houve ataques da ala mais radical que apoia as visões que a Ilona tem, que também diziam ‘você não tem que estar junto ai, você não tem que estar com esse pessoal'", afirmou Mourão.
Ele disse ainda que o fato de Ilona divergir de ideias do governo são “apenas opiniões”. “Não é mais do que isso. É uma pessoa. Que não foi testada em combate. Qual é o teste de combate dela? Ela dirigiu alguma coisa? Gerenciou alguma coisa? Não, ela tem opiniões”, concluiu.
Na última quarta-feira, dia 27, o nome de Ilona foi anunciado para um cargo de suplente no CNPCP. No entanto, já na quinta-feira (28), a indicação gerou forte reação nas redes sociais entre apoiadores do governo Bolsonaro.
A militância popularizou a hashtag #Illonanão e também lembrou que ela já criticou publicamente promessas de Bolsonaro. Com a repercussão, Moro voltou atrás da indicação.
Szabó é co-fundadora e diretora-executiva do Instituto Igarapé, que produz pesquisas sobre segurança, justiça e desenvolvimento.
O cargo que ela ocuparia é de caráter meramente consultivo e não remunerado. O órgão tem como objetivo aprimorar as políticas de combate ao crime e melhora do sistema penal e penitenciário.