Mourão: questionado se a atuação do ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, reflete na imagem das Forças Armadas, Mourão citou que os militares sempre são vistos como representantes das Forças Armadas (Adriano Machado/Reuters)
Estadão Conteúdo
Publicado em 19 de janeiro de 2021 às 13h02.
Última atualização em 19 de janeiro de 2021 às 14h03.
O vice-presidente Hamilton Mourão avaliou nesta terça-feira, 19, que a democracia é comprometida quando as Forças Armadas são indisciplinadas ou ligadas a projetos ideológicos. Segundo o vice-presidente, esse, contudo, não é o caso do Brasil, em que as Forças Armadas são comprometidas com suas missões.
Na fala de hoje, Mourão também minimizou os problemas logísticos enfrentados pela pasta liderada pelo general Eduardo Pazuello na entrega das doses da Coronavac aos estados e destacou que o importante agora é que o país entre "no modo on da vacina".
Na segunda-feira, 18, o presidente Jair Bolsonaro disse a apoiadores que "quem decide se o povo vai viver em uma democracia ou ditadura são suas Forças Armadas". O chefe do Executivo também comentou que "não tem ditadura onde as Forças Armadas não a apoiam". Conforme o Estadão/Broadcast mostrou, as declarações do presidente de tom ideológico ocorrem em meio às pressões pela atuação do governo no combate à pandemia da covid-19. A declaração do presidente vai contra a Constituição e foi criticada por parlamentares e pelo ministro do Supremo Tribunal Federal Edson Fachin.
"O presidente [Jair Bolsonaro] já tocou nesse assunto várias vezes. É óbvio, se tiver Forças Armadas indisciplinadas ou comprometidas com projetos ideológicos, a democracia fica comprometida", disse Mourão em conversa com jornalistas na chegada à sede da Vice-Presidência nesta manhã. "Não é o caso aqui do Brasil obviamente, mas nós temos nosso vizinho, a Venezuela, que vive uma situação dessas aí", acrescentou.
Questionado se a atuação do ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, reflete na imagem das Forças Armadas, Mourão citou que os militares sempre são vistos como representantes das Forças Armadas. "Apesar de o ministro ser um oficial general da ativa, mas independentemente do cara estar na ativa ou na reserva, qualquer militar sempre é visto como representante das Forças", disse.
Em relação às críticas por atrasos na distribuição da vacina nesta segunda, Mourão avaliou que a entrega "não deu errado". Ele lembrou que o prazo anterior anunciado por Pazuello, após aprovação do uso emergencial da vacina, era de "dois a três dias" para a chegada do imunizante nos estados. A data inicial para a vacinação nacional era prevista para quarta-feira, 20, mas o calendário foi antecipado em reunião ontem entre o ministro e governadores.
"O que aconteceu é que ficou aquela expectativa que da noite para o dia ia chegar no Acre e no Rio Grande do Sul ao mesmo tempo. É complicado. Vamos lembrar o que ele tinha falado anteriormente, tanto que a linha de ação é que a vacinação só começasse amanhã", ponderou.
Mourão respondeu ainda sobre a pressão de governadores para antecipar a entrega da vacina. Para Mourão, houve "ansiedade" e "certa "exploração política". "Acho que é aquela história, muita ansiedade, também é óbvio que há uma exploração política disso aí. Mas é aquela história, nessas horas muitas vezes o controle foge", disse.
O vice-presidente refutou, contudo, que Pazuello tenha perdido o controle, mas acrescentou que "a gente perde o controle quando há um excesso de pressão". Na visão de Mourão, o fundamental é que a vacina esteja chegando e que o país em breve entrará no "modo on", de produção dos imunizantes em escala para vacinar cerca de 70% da população até o fim do ano. "Fundamental é que a gente consiga entrar no modo on da vacina", disse.