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Mourão diz que disputa nos EUA fez Bolsonaro cancelar viagem a Nova York

O Museu de História Nacional se recusou a sediar o prêmio e empresas como a Delta retiraram seus patrocínios

BOLSONARO: presidente disse que Itamaraty é essencial para sucesso de seu governo  / REUTERS/Adriano Machado (Adriano Machado/Reuters)

BOLSONARO: presidente disse que Itamaraty é essencial para sucesso de seu governo / REUTERS/Adriano Machado (Adriano Machado/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 5 de maio de 2019 às 09h24.

Porto Alegre e Brasília - O vice-presidente Hamilton Mourão atribuiu à disputa política interna dos Estados Unidos o motivo do cancelamento da viagem do presidente Jair Bolsonaro a Nova York, onde seria homenageado no próximo dia 14 pela Câmara de Comércio Brasil-Estados Unidos.

Bolsonaro, que seria agraciado com o prêmio "Personalidade do Ano", vinha recebendo críticas de políticos americanos, principalmente do prefeito de Nova York, Bill de Blasio, e do senador Brad Hoylman, ambos democratas. Os dois comemoraram a desistência do brasileiro.

Na versão de Mourão, a decisão de Bolsonaro não teve relação com o cancelamento de patrocinadores do evento em Nova York. Desde que teve seu nome confirmado como homenageado, Bolsonaro foi alvo de uma série de resistências.

O Museu de História Nacional, onde inicialmente seria a cerimônia, se recusou a sediar a premiação. Empresas como a companhia aérea Delta, a consultoria Bain & Company e o jornal Financial Times retiraram seus patrocínios ao evento.

"A realidade é que o presidente se sente incomodado pela atitude do prefeito de Nova York, que nada mais é do que uma disputa interna nos Estados Unidos", disse Mourão após participar da Festa Nacional da Cavalaria do Rio Grande do Sul, no município de Tramandaí. "O prefeito é democrata, o presidente Donald Trump é republicano e o presidente Jair Bolsonaro julgou por bem não se meter em algo que é uma disputa de outro país", afirmou o vice.

Após o governo anunciar o cancelamento da viagem de Bolsonaro, o prefeito e o senador dos EUA comemoraram, por meio do Twitter. "Jair Bolsonaro aprendeu do jeito difícil que nova-iorquinos não fecham os olhos para a opressão. Ele correu. Não fiquei surpreso - valentões geralmente não aguentam um soco. Seu ódio não é bem-vindo aqui", escreveu Bill de Blasio.

O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), reagiu: "O prefeito de NYC critica a intolerância de Jair Bolsonaro, mas age da mesma forma. Discordo em muitas coisas do presidente Bolsonaro na agenda de valores mas não há saída para os nossos desafios sem diálogo e respeito", escreveu Maia, também no Twitter.

O senador Brad Hoylman chamou de "vitória" o cancelamento da viagem presidencial. "Enfrentamos o presidente homofóbico do Brasil Jair Bolsonaro e vencemos. De acordo com as notícias brasileiras, ele se retirou do evento no Marriott Marquis e cancelou sua viagem aos EUA. O ódio não tem casa em Nova York."

Por meio do porta-voz Otávio do Rêgo Barros, o presidente justificou a desistência em razão dos "ataques deliberados" de Bill de Blasio e pelo que chamou de "ideologização da atividade".As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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