Homenagem: acusado disse que a confusão começou após o seu primo levar uma garrafada na cabeça (Agência Brasil)
Agência Brasil
Publicado em 28 de dezembro de 2016 às 14h13.
A viúva do vendedor ambulante Luiz Carlos Ruas, Maria Souza Santos, compareceu hoje (28) à Delegacia de Polícia do Metropolitano (Delpom). O suspeito de praticar o assassinato, Ricardo Martins do Nascimento, de 21 anos, foi preso e 14 testemunhas, incluindo duas travestis e um funcionário da bilheteria do metrô, foram convocadas para fazer o reconhecimento.
"Foi um abalo total. Ele era maravilhoso, tanto que morreu dando a vida para o outro", disse a viúva.
"Quero que ele [Ricardo] pague pelo que fez. Tem uma família chorando, ele me deixou sozinha no mundo. Ele [Ruas] não merecia morrer do jeito que ele morreu, o rosto dele estava todo estourado, eu não tive coragem de ver", lamentou. "Eu quero perguntar para o cara [Ricardo] porque ele fez isso com uma pessoa tão boa", disse.
A irmã da vítima, Maria de Fátima Ruas, disse que o irmão estava trabalhando no domingo de Natal (25) para pagar o imposto do carro, que estava retido. "Eu não estou aguentando, não estou suportando de dor, meu coração está sangrando. Vamos fazer justiça", disse.
Mais cedo, Ricardo lamentou o ocorrido e disse que se pudesse faria algo para ajudar a viúva do ambulante. "Eu não sou má pessoa", disse. O acusado foi preso às 21h de ontem (27) na casa de um amigo em uma favela do município de Itupeva, região de Campinas.
O outro suspeito de ter participado do crime, o primo de Ricardo, Alípio Rogério Belo dos Santos, de 26 anos, continua foragido.
"Estamos com equipes nas ruas e não vamos parar, porque isso revoltou todos os policiais. Era [ o vendedor] uma pessoa humilde, que foi defender as travestis, prestar solidariedade, e acabou pisoteado, morto por esses dois covardes", disse Osvaldo Nico, diretor do Departamento de Capturas e Delegacias Especializadas.
Ricardo disse que a confusão começou após o seu primo levar uma garrafada na cabeça.
"Não acredito nisso, eles estão tentando reverter, mas as imagens estão claras, a covardia que eles fizeram", disse Nico. "Ele está contando uma história, que, para mim, não convence".
Luiz Carlos Ruas foi espancado e morto às 22h25 de domingo, noite de Natal. Segundo testemunhas, o ambulante vendia salgados e refrigerantes do lado de fora da estação quando dois homens se desentenderam com ele e passaram a agredi-lo.
O ambulante defendia moradores de rua, incluindo duas travestis, que também foram agredidas pelos dois suspeitos.
O vendedor tentou correr até a bilheteria da estação na Estação Pedro II do metrô, mas foi atingido por vários golpes e caiu no local. Ele foi socorrido e levado a um hospital por agentes de segurança do Metrô, mas não resistiu aos ferimentos.