Brasil

Morre pesquisador que desenvolveu a fosfoetanolamina, a "pílula do câncer"

Gilberto Orivaldo Chierice fabricou e distribuiu durante 20 anos a fosfoetanolamina, conhecida como "pílula do câncer" até ser impedido

Gilberto Orivaldo Chierice: pesquisador morreu aos 75 anos, e a causa da morte não foi divulgada (Geraldo Magela/Agência Senado)

Gilberto Orivaldo Chierice: pesquisador morreu aos 75 anos, e a causa da morte não foi divulgada (Geraldo Magela/Agência Senado)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 19 de julho de 2019 às 21h35.

O pesquisador Gilberto Orivaldo Chierice, conhecido por ter desenvolvido a fosfoetanolamina sintética, droga buscada por seus supostos efeitos contra o câncer, morreu aos 75 anos, nesta sexta-feira (19), em um hospital de São José do Rio Preto, interior de São Paulo.

Chierice, que era professor aposentado do Instituto de Química da Universidade de São Paulo (USP), campus daquela cidade, estava internado no Hospital Instituto de Moléstias Cardiovasculares. A causa da morte não foi divulgada. O sepultamento será na manhã deste sábado (20), no Cemitério Nossa Senhora do Carmo, em Rio Preto.

Ele fabricou e distribuiu durante 20 anos a fosfoetanolamina, conhecida como "pílula do câncer", em seu laboratório no Instituto de Química de São Carlos. Sem testes clínicos que comprovassem sua eficácia, a droga, sintetizada a partir da monoetanolamina e ácido fosfórico, ganhou fama como eficaz contra vários tipos de câncer.

 

Ele chegou a distribuir 50 mil cápsulas por mês, até que, em 2016, notificada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), a USP suspendeu a produção e distribuição das cápsulas.

A medida desencadeou uma corrida de pacientes e familiares à Justiça, obtendo liminares para que o fornecimento da fosfoetanolamina fosse continuado. Em abril daquele ano, a então presidente Dilma Rousseff (PT) chegou a sancionar uma lei para que a medicação fosse fornecida para pacientes com tumores malignos. Em maio do mesmo ano, por 6 votos a 4, o Supremo Tribunal Federal (STF) suspendeu a lei e as decisões judiciais que obrigavam o governo a fornecer a substância.

Na época, o governo paulista havia autorizado uma pesquisa clínica para para testar a eficácia da "pílula do câncer". Meses depois, o Instituto do Câncer suspendeu os trabalhos porque a substância não apresentou resultados significativos. A suspensão dos testes foi bastante criticada por grupos criados em redes sociais que defendiam a eficácia da fosfoetanolamina. Uma das alegações foi a de que a substância usada nos testes não era a mesma desenvolvida pelo professor Chierice. Desde então, o laboratório da USP não voltou a produzir a 'pílula do câncer'.

A morte do pesquisador, que deixou esposa, filhos e netos, foi lamentada pelo grupo Fosfoetanolamina, em sua fanpage no Facebook. "Lamentamos a perda deste grande homem que durante mais de 25 anos levou esperança e cura a centenas de pacientes oncológicos. Seremos sempre gratos pelo trabalho excepcional, e pela pessoa maravilhosa que foi. A simplicidade e enorme coração jamais serão esquecidos por aqueles que conhecem a verdade. O Brasil perde um grande cientista", diz o texto.

Acompanhe tudo sobre:CâncerMortesUSP

Mais de Brasil

Homem-bomba gastou R$ 1,5 mil em fogos de artifício dias antes do atentado

O que muda com projeto que proíbe celulares nas escolas em São Paulo

Haddad se reúne com cúpula do Congresso e sinaliza pacote fiscal de R$ 25 bi a R$ 30 bi em 2025

Casos respiratórios graves apresentam alta no Rio e mais 9 estados