Brasil

Marisa tem morte cerebral, e Lula autoriza doação de órgãos

Mulher do ex-presidente Lula estava internada no hospital Sírio Libanês, em São Paulo, desde o dia 24 de janeiro por causa de um AVC

A ex-primeira dama Marisa Letícia (Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)

A ex-primeira dama Marisa Letícia (Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)

Bárbara Ferreira Santos

Bárbara Ferreira Santos

Publicado em 2 de fevereiro de 2017 às 10h36.

Última atualização em 2 de fevereiro de 2017 às 16h43.

São Paulo -- A ex-primeira dama Marisa Letícia, mulher do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, não apresenta mais fluxo cerebral, segundo boletim divulgado pelo hospital Sírio Libanês nesta quinta-feira, 2. 

O ex-presidente Lula já autorizou o início dos procedimentos de doação de órgãos de sua esposa. Ela estava internada na UTI do hospital Sírio Libanês desde a terça-feira, dia 24 de janeiro, após sofrer um acidente vascular cerebral (AVC) em sua casa, em São Bernardo do Campo, no ABC Paulista.

A informação foi confirmada pelo ex-presidente em sua conta de Facebook. Na mensagem, ele agradece as demonstrações de apoio dos últimos dias.

Em casos de ausência completa de atividade cerebral (morte cerebral), o desligamento dos aparelhos e a confirmação da morte oficial acontecem após o procedimento de doação dos órgãos.

O AVC aconteceu em decorrência da ruptura de um aneurisma cerebral (dilatação de uma artéria ou veia que irriga o cérebro). Inicialmente, Marisa foi atendida no Hospital Assunção, em São Bernardo do Campo, São Paulo, onde se diagnosticou o AVC. Depois, foi encaminhada ao Hospital Sírio Libanês, na capital paulista.

Após o atendimento de emergência, ela foi submetida à embolização (estancamento) do aneurisma para conter a hemorragia. Também foi instalado um cateter para drenar o sangue que se espalhou pelo cérebro e para medir a pressão intracraniana. Esse aneurisma já havia sido diagnosticado há 10 anos, mas, como era pequeno, na época os médicos avaliaram que não era necessária uma cirurgia.

Desde que recebeu o tratamento para conter o AVC, Marisa esteve em coma induzido na UTI do Sírio Libanês. Na segunda-feira, dia 30 de janeiro, foi detectada, em um ultrassom, a presença de trombose venosa profunda dos membros inferiores na ex-primeira dama. Os médicos realizaram a passagem de um filtro de veia cava inferior com o objetivo de prevenir a ocorrência de embolia.

Biografia

Marisa Letícia nasceu em 7 de abril de 1950, em São Bernardo do Campo, em uma família de imigrantes italianos da região de Palazzago, na Província de Bérgamo, norte da Itália. Seus pais, nascidos no Brasil, eram vendedores de verduras e legumes na região do ABC Paulista.

Marisa estudou apenas até a 7ª série e, ainda criança, começou a trabalhar como babá. Aos 13 anos, ela teria se tornado operária em uma fábrica de chocolates. Depois, trabalhou no departamento de educação da prefeitura de São Bernardo do Campo.

Em 1970, Marisa casou-se pela primeira vez com Marcos Cláudio dos Santos, um taxista que morreu em São Bernardo do Campo três meses depois do casamento. Ela estava grávida na época e seu filho sequer chegou a conhecer o pai.

Conheceu Lula no Sindicato dos Metalúrgicos em 1973, quando, aos 23 anos, tentava obter um pecúlio deixado pelo primeiro marido. Casou-se com o metalúrgico em 1974 e, com ele, teve mais três filhos, Fábio, Sandro e Luís Cláudio.

O filho do primeiro casamento, Marcos Cláudio, foi registrado por Lula e, mais tarde, também incorporou o sobrenome Lula da Silva no registro, em homenagem ao padrasto.

Um ano depois do casamento, Lula se tornou líder do sindicato, e Marisa, figura avessa aos holofotes e a entrevistas, passou a acompanhar o marido na vida política com seu jeito discreto.

Ela estava ao lado de Lula quando ele foi preso em casa em 1980 pelos agentes do Dops (Departamento de Ordem Política e Social) durante a ditadura militar. No período em que morou no Palácio da Alvorada, quando Lula foi presidente, entre 2004 e 2011, Marisa optou por não se envolver nos assuntos políticos do marido. Como primeira dama, não fez parte de programas sociais do governo, o que antecessoras na posição haviam feito.

Em setembro de 2016, junto ao marido Fábio Luís Lula da Silva (o Lulinha), Marisa tornou-se ré na Operação Lava Jato em denúncia oferecida pelo Ministério Público Federal (MPF) e acolhida pelo juiz federal Sérgio Moro. Ela responde pela acusação de lavagem de dinheiro por conta de um apartamento tríplex no Guarujá. O imóvel (e reformas feitas nele) seria resultado de propinas recebidas do Grupo OAS.

Ela também teve seu nome envolvido na investigação da Polícia Federal (PF), no âmbito da Lava Jato, sobre o sítio de Atibaia, de propriedade dos empresários Fernando Bittar e Jonas Suassuna. Segundo relatório da PF, Marisa e Lula seriam donos do sítio e teriam orientado reformas de mais de R$ 1 milhão na propriedade.

O Instituto Lula e os advogados do casal afirmaram, durante a fase de investigação e denúncia dos dois casos, que o casal não era proprietário do apartamento ou do sítio e que agiram de acordo com a lei.

Acompanhe tudo sobre:Luiz Inácio Lula da Silva

Mais de Brasil

STF rejeita recurso e mantém pena de Collor após condenação na Lava-Jato

O que abre e o que fecha em SP no feriado de 15 de novembro

Zema propõe privatizações da Cemig e Copasa e deve enfrentar resistência

Lula discute atentado com ministros; governo vê conexão com episódios iniciados na campanha de 2022