Sérgio Moro: ministro acompanhou o desenvolvimento da Operação Nova Aliança, que teve início em 30 de maio, no lado paraguaio da fronteira (Daniel Derevecki/Reuters)
Estadão Conteúdo
Publicado em 4 de junho de 2019 às 08h47.
Sorocaba — O mau tempo impediu que o ministro de Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, se encontrasse com o presidente paraguaio, Mário Abdo Benítez, nesta segunda-feira, 3, para discutir ações conjuntas contra o narcotráfico na fronteira entre o Brasil e o Paraguai. Conforme sua assessoria, o presidente não conseguiu decolar da capital, Assunção, para o local do encontro, em Pedro Juan Caballero, que divide a fronteira com a cidade brasileira de Ponta Porã (MS).
Pela mesma razão, a ministra de Segurança da Argentina, Patricia Bullrich, cancelou a ida ao encontro. O avião da Força Aérea Brasileira (FAB) que levava o ministro Moro também não conseguiu chegar ao aeroporto de Pedro Juan e aterrisou em Dourados, a cerca de 120 quilômetros.
O ministro decidiu fazer o percurso de carro, escoltado pela Polícia Federal. Ele foi recebido pelo ministro paraguaio Arnaldo Giuzzio e visitou a Secretaria Nacional Antidrogas (Senad).
Moro acompanhou o desenvolvimento da Operação Nova Aliança, que teve início em 30 de maio, no lado paraguaio da fronteira, e reúne forças da Polícia Nacional do Paraguai e da Polícia Federal brasileira. Além da eliminação do cultivo de maconha e apreensão da droga, materiais usados na comercialização também serão apreendidos.
O ministro disse que a operação enfraquece o crime organizado. "Queremos intensificar as ações, agora com o interesse da Argentina em participar, prendendo os líderes das organizações, identificando e confiscando patrimônio, apreendendo drogas e erradicando plantações, como ocorreu agora", afirmou.
Em entrevista coletiva, Moro disse que as ações de inteligência e investigação têm colaborado para o crescimento das apreensões. "Estamos investindo em operações que desmantelam as organizações criminosas", ressaltou.
Conforme o secretário de Justiça e Segurança Pública de Mato Grosso do Sul, Antonio Carlos Videira, o combate ao tráfico passa necessariamente pela ação no território do país vizinho. "Somos o corredor dessa grande produção e apenas apreender o que é transportado não resolve. Este ano, apenas nosso Departamento de Operações da Fronteira apreendeu mais de 47 toneladas de drogas."
O diretor-geral da PF, Maurício Valeixo, afirmou que a operação Nova Aliança comprova que as polícias brasileira e paraguaia podem atuar conjuntamente no combate ao crime organizado. "É de suma importância a operação, que se realiza há muitos anos com resultados positivos. Não existe outra forma de enfrentar a criminalidade transnacional se não atuarmos em conjunto."
Em dois dias de operação, foram erradicados 61 hectares de plantação e incineradas 183 toneladas da droga. Estima-se que 80% da maconha produzida no Paraguai tenha o Brasil como destino.
Também foram destruídos cinco acampamentos e prensas usadas para preparar a droga. Nos últimos anos, organizações criminosas que atuam em presídios brasileiros, como o Comando Vermelho (CV) e o Primeiro Comando da Capital (PCC), travam uma guerra pelo domínio do tráfico na fronteira.
Desde o início do ano passado, pelo menos 180 pessoas relacionadas com o tráfico foram assassinadas nos dois lados da fronteira. Numa das ações violentas mais recentes, seis pessoas foram mortas a tiros de fuzil, no último dia 22, em Pedro Juan Caballero - cinco paraguaios e um brasileiro. Conforme autoridades paraguaias, as duas facções já assumiram parte do controle das lavouras para verticalizar a produção da droga.