Sérgio Moro: (Rodolfo Buhrer/Reuters)
Agência Brasil
Publicado em 18 de agosto de 2017 às 18h16.
O juiz Sérgio Moro, responsável pela Operação Lava Jato na primeira instância, expediu decisão proibindo o cônsul honorário da Grécia, Konstantinos Georgios Kotronakis, de deixar o país.
Moro determinou que ele entregasse o passaporte e que a Delegacia da Polícia Federal de Fronteiras fosse informada da proibição.
Kotronakis é um dos alvos da Operação Sem Fronteiras, a 43ª Fase da Operação Lava Jato, deflagrada hoje (18) pela Polícia Federal (PF).
A operação investiga a participação de empresas estrangeiras e armadores gregos em contratos fraudulentos com a Petrobras.
"Expeça-se portanto mandado para intimação de Konstantinos Georgios Kotronakis acerca desta decisão, para que entregue de imediato o passaporte ao portador do mandado. Encarrego a autoridade policial de cumprir o mandado juntamente com as buscas", diz a decisão, que acrescenta:
"Concomitantemente, oficie-se à Delegacia da Polícia Federal de Fronteiras solicitando a anotação da proibição de que Konstantinos Georgios Kotronakis deixe o país".
A decisão diz ainda que, em vista do disposto na Convenção de Viena sobre Relações Consulares, cumprido o mandado, a Embaixada da Grécia em Brasília deve ser comunicada, "para ciência da restrição, ainda que limitada, imposta ao cônsul honorário".
A investigação teve início a partir de relato do ex-diretor de Abastecimento da estatal Paulo Roberto Costa em seu acordo de colaboração premiada.
A Polícia Federal cumpriu mandados judiciais no Rio de Janeiro e em São Paulo, entre eles, 11 mandados de condução coercitiva e seis mandados de prisão temporária.
Segundo o Ministério Público Federal (MPF), as apurações concluíram que o então diretor de Abastecimento da estatal ajustou com o cônsul honorário da Grécia no Brasil, Konstantinos Kotronakis, um esquema de facilitação de contratação de navios gregos, mediante o fornecimento de informações privilegiadas e o pagamento de propinas.
A investigação detectou que os grupos Tsakos e Aegean, dos quais Konstantinos Kotronakis é, respectivamente, diretor e sócio-administrador, além das empresas Dynacom Tankers Management, Galbraiths e Dorian Hellas, com as quais o cônsul grego ostenta vínculos indiretos, formalizaram contratos de afretamento com a Petrobras, entre os anos de 2009 a 2013, em valores que superam US$ 500 milhões.
De acordo com o MPF, ao menos 2% desses valores eram "destinados ao pagamento de propina a funcionários públicos corrompidos, operadores financeiros e agentes políticos".
A decisão foi expedida no dia 14 de junho, mas estava sob sigilo até a efetivação da prisão e das buscas e apreensões.
"Efetivadas as medidas, não sendo mais ele necessário para preservar as investigações, fica levantado o sigilo".
Segundo Moro, considerando a natureza e magnitude dos crimes investigados, o interesse público e a previsão constitucional de publicidade dos processos impedem a imposição da continuidade de sigilo sobre os autos.
Mais cedo, quando procurada para comentar a 43º Fase da Operação lava Jato, a Embaixada da Grécia informou que Konstantinos Kotronakis é cônsul honorário e, como tal, não integra o quadro da chancelaria grega e que não se manifestará sobre o assunto.
Às 17h, a Agência Brasil não conseguiu fazer contato novamente com a embaixada.