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Moro: Nós, brasileiros, não podemos chegar às eleições cabisbaixos

Em entrevista ao programa Roda Viva, o magistrado afirmou que não se pode generalizar quando se fala de políticos, mas que há "bons candidatos"

Moro: ao mesmo tempo, segundo ele, "há outros não tão bons" e ainda existem outros ainda que "merecem juízo maior de censura" (Rafael Marchante/Reuters)

Moro: ao mesmo tempo, segundo ele, "há outros não tão bons" e ainda existem outros ainda que "merecem juízo maior de censura" (Rafael Marchante/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 27 de março de 2018 às 09h15.

Última atualização em 27 de março de 2018 às 12h43.

São Paulo — "Nós, brasileiros, não podemos chegar às eleições cabisbaixos", disse o juiz federal Sérgio Moro, responsável pelas ações da Operação Lava Jato na primeira instância, em entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura, na noite desta segunda-feira, 26.

O magistrado afirmou, ao falar da corrida presidencial, que não se pode generalizar quando se fala de políticos, mas que há "bons candidatos". Ao mesmo tempo, segundo ele, "há outros não tão bons" e ainda existem outros ainda que "merecem juízo maior de censura".

Ao comentar as manifestações de 2015 e 2016, Moro disse que as pessoas que saíram às ruas "fizeram uma grande diferença". O juiz ressaltou que havia várias bandeiras, incluindo a insatisfação com a economia e com o governo anterior, mas ponderou que houve uma coisa em comum, que foi a insatisfação com a corrupção.

https://www.youtube.com/watch?v=TydUsIB5qbY

Para o juiz, há outras maneiras de as pessoas defenderem a causa, escolhendo bem seu candidato nas eleições. "Não adianta um candidato nas eleições chegar e dizer: 'Ah, eu sou contra a corrupção'. Não, ele tem que dizer o que ele pensa para combater a corrupção."

Prisões preventivas

Moro também defendeu a prisão após o julgamento em segunda instância. "Seria ótimo esperar o julgamento final, mas isso, aliado a nosso sistema judicial, que é extremamente generoso em recursos, você tem um processo sem fim", disse o magistrado. Ele afirmou ainda que os litígios chegam a durar mais de dez anos e alguns acabam por prescrever. "Isso na prática é impunidade."

A "generosidade de recursos", disse, é aproveitada pelos "poderosos", que têm condições financeiras de contratar os melhores advogados. "Se alguém cometeu um crime, a regra é que tem ser punido."

Ainda na primeira parte de perguntas do programa, o juiz defendeu a redução do alcance do foro privilegiado. Alguns ministros do Supremo Tribunal, ressaltou, já declararam que o foro privilegiado não funciona bem. "O STF não é preparado para julgar esses benefícios."

"Posso não ter acertado sempre, mas sempre agi com a pretensão de fazer a coisa certa", disse Moro, ao falar de suas decisões para os condenados da Lava Jato. Com o tempo, declarou, as pessoas vão entender as suas decisões. "A Operação Lava Jato revela que havia um quadro de corrupção sistêmica."

Moro disse, ainda, que "a fama é passageira" e que o sucesso da Operação Lava Jato se deve a outros nomes, entre eles o juiz Marcelo Bretas, responsável pela operação no Rio. "A Operação Lava Jato não é uma operação de uma pessoa só."

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