Sergio Moro disse não crer que as conquistas já obtidas no Brasil se percam e propiciem que "um aventureiro" assuma o comando do país como aconteceu na Itália (Fabio Rodrigues Pozzebom/ Agência Brasil)
Da Redação
Publicado em 28 de agosto de 2015 às 14h23.
São Paulo - O juiz federal Sérgio Moro, que conduz a Operação Lava Jato, afirmou na manhã desta sexta-feira, 28, que a iniciativa privada é quem tem as melhores condições de liderar um movimento contra a corrupção no país.
Na sua avaliação, muito melhor do que o setor público, que está sujeito aos mecanismos e entraves burocráticos.
Ao falar dos escândalos que assolam o País, Moro disse que não se pode esperar que a justiça criminal resolva o problema da corrupção no Brasil, e destacou que é preciso não se acomodar, seja como poder público, privado ou como cidadão
. "O futuro não está escrito, vamos confiar, desconfiando", emendou.
Moro, convidado pela Procuradoria da República, em São Paulo, para a palestra "Aspectos Controvertidos do Crime de Lavagem de Dinheiro", que ocorreu pela manhã na sede da Procuradoria, traçou em sua palestra um paralelo entre a Operação Mãos Limpas, deflagrada no início dos anos 90 na Itália, com a operação que conduz no Brasil.
Sem citar especificamente a operação que investiga o esquema de corrupção na Petrobras, Moro lamentou que algumas oportunidades foram perdidas na Itália, citando como exemplo uma lei que anistiou alguns corruptos.
Mas, segundo ele, "não necessariamente devem ser perdidas aqui no Brasil". E disse que, para que isso ocorra, depende mais da pressão da própria sociedade do que do poder público.
O juiz que conduz a Lava Jato não deu entrevista coletiva, mas respondeu a algumas perguntas que foram enviadas por escrito após o final de sua palestra.
Ao falar do bilionário e ex-primeiro ministro italiano Silvio Berlusconi, que a despeito de todas as evidências de corrupção ficou por três mandatos no poder, antes de renunciar em 2011, Sergio Moro disse não crer que as conquistas já obtidas no Brasil se percam e propiciem que "um aventureiro" assuma o comando do país.