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Moro espera que Lava Jato chegue ao fim até dezembro

Ele considera que a sequência de desdobramentos da grande investigação pode provocar um desgaste até mesmo na opinião pública


	Sérgio Moro: mas ele próprio admite que essa é uma meta "imprevisível"
 (Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)

Sérgio Moro: mas ele próprio admite que essa é uma meta "imprevisível" (Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)

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Da Redação

Publicado em 13 de abril de 2016 às 18h04.

São Paulo - O juiz federal Sérgio Moro gostaria que a Lava Jato chegasse ao seu fim até dezembro. Ele tem dito a interlocutores que esta é a sua "expectativa".

Considera que a sequência de desdobramentos da grande investigação pode provocar um desgaste até mesmo na opinião pública que, hoje, presta apoio maciço à força-tarefa da Lava Jato.

"Terminar até dezembro a parte da primeira instância é uma expectativa ou um desejo", disse Moro a uma pessoa próxima, nesta quarta-feira, 13.

Mas ele próprio admite que essa é uma meta "imprevisível". A cada desdobramento da Lava Jato surgem indicativos de outras tramas ilícitas envolvendo outros agentes públicos e políticos.

O que força a abertura de novos procedimentos no âmbito da Polícia Federal e da Procuradoria da República.

Apesar das declarações de solidariedade que tem recebido nas redes sociais e em eventos dos quais participa, o juiz da Lava jato tem dito a interlocutores que ficou "consternado" com o que chama de "manifestações de raiva e intolerância" registradas nas últimas semanas.

Tais manifestações ganharam força sobretudo depois que a Lava Jato conduziu coercitivamente o ex-presidente Lula, no dia 4 de março, para depor nos autos da Operação Aletheia - fase da Lava Jato que investiga o sítio Santa Bárbara, de Atibaia, cuja propriedade é atribuída ao ex-presidente.

A condução coercitiva do petista foi decretada por Moro, que, em sua decisão, destacou que não se tratava de uma antecipação de condenação, mas apenas de uma medida necessária para a investigação.

Moro também tem insistido na linha de que a Justiça sozinha não pode ser a solução para a crise política e ética que o País atravessa.

Ele acredita que chegou a hora de outras instituições, e também a sociedade, se empenharem para alcançar mudanças importantes que possam levar a um combate mais eficaz à corrupção e à redução do quadro de impunidade.

O juiz considera que um primeiro passo nessa direção foi dado pelo Supremo Tribunal Federal - em recente decisão, a Corte admitiu execução de prisão de condenados em ações penais quando a sentença é confirmada por colegiado de segundo grau.

A Lava Jato está em sua 28.ª etapa ostensiva - a primeira foi deflagrada em março de 2014. Desde então, vem sendo mantida média superior a uma operação por mês.

A investigação, que inicialmente mirava quatro grupos de doleiros, desvendou um esquema complexo de corrupção, propinas e cartel de empreiteiras na Petrobras.

Com a descoberta sobre supostos pagamentos a deputados, senadores e governadores a Lava Jato chegou ao Supremo Tribunal Federal, instância máxima que detém poderes para processar políticos com foro privilegiado.

Delações premiadas, quase 50, são o grande aliado da Lava Jato, mas recebem pesadas críticas de advogados e juristas.

Todas as ações penais da Lava Jato na primeira instância estão sob responsabilidade do juiz Moro.

Em uma atuação incomum para os padrões da Justiça brasileira, Moro tem conduzido em ritmo acelerado os processos criminais, impondo pesadas condenações a políticos, doleiros, empreiteiros, operadores de propinas e ex-dirigentes da Petrobras.

As decisões de Moro têm sido confirmadas pelas instâncias superiores do Judiciário, a partir do Tribunal Regional Federal da 4.ª Região (TRF4).

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