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Moro cobra posição do Congresso sobre combate a corrupção

Juiz defendeu a aprovação das 10 medidas contra a corrupção no Congresso cobrando dos parlamentares que definam um lado na equação

Sérgio Moro: "o que ainda os falta é uma reação mais incisiva por parte demais instituições" (Fabio Rodrigues Pozzebom/ Agência Brasil)

Sérgio Moro: "o que ainda os falta é uma reação mais incisiva por parte demais instituições" (Fabio Rodrigues Pozzebom/ Agência Brasil)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 24 de outubro de 2016 às 14h36.

Curitiba - O juiz federal Sergio Moro, responsável pelos processos da operação Lava Jato, em Curitiba, defendeu as 10 Medidas Contra à Corrupção e cobrou do Congresso Nacional uma posição sobre de que lado estão os parlamentares no que diz respeito ao combate à corrupção.

"Em outras palavras e sem querer ser maniqueísta, ou coisa que o valha, é o Congresso demonstrar de que lado ele se encontra nessa equação", cravou o juiz sobre a necessidade de aprovação das 10 Medidas, durante encontro regional realizado na Assembleia Legislativa do Paraná.

Além dele, participam do encontro os procuradores Deltan Dallagnol, coordenador da Lava Jato, e Roberson Pozzobon, da força-tarefa de Curitiba.

Alçado a símbolo do combate à corrupção no País, Moro parabenizou a iniciativa o Ministério Público Federal e pontuou a necessidade do Congresso Nacional atuar no sentido de aprovar leis que melhorem o quadro de combate a esse tipo de crime. Segundo ele, atualmente, essas medidas tem saído mais do próprio Judiciário do que do poder Legislativo.

Moro citou o caso da proibição de doações empresariais nas eleições e aprovação da prisão após 2ª instância. As duas decisões partiram do Supremo Tribunal Federal.

"O que ainda os falta é uma reação mais incisiva por parte demais instituições e o campo próprio para essas discussões e reformas é o Congresso Nacional", afirmou Moro. Para o juiz, a aprovação das 10 Medidas Contra à Corrupção será uma sinalização importante por parte do Congresso Nacional.

"As pessoas precisam ter fé nas instituições democráticas e, diante de um contexto dessa espécie, o que é natural esperar é uma atuação legislativa no sentido de aprovar medidas que nos auxiliem a superar esse quadro de corrupção sistêmica", explicou o juiz da 13ª Vara Criminal de Curitiba.

Após cobrar os parlamentares, o juiz afirmou estar otimista sobre a aprovação das medidas e disse ser possível haver modificações, como a subtração da proposta sobre validação de provas ilícitas - que tem causado intenso debate entre juristas. Para Moro, essa é uma das medidas que pode ser retirada da proposta de lei, mas outras como criminalização do caixa dois, reforma no sistema de prescrição e nulidade são a cerne do projeto e, por esse motivos, precisam ser aprovadas.

Theodore Roosevelt

Para encerrar sua fala de cerca de 30 minutos, o juiz analisou o caso da operação Mãos Limpas, na Itália, que após um início de avanços contra a corrupção teve seu futuro comprometido pela reação da classe política. "Os órgãos legislativos não só não acompanharam as ações das Justiça, mas também atuaram contra", explicou Moro.

Sobre os EUA, Moro elencou as ações do presidente Theodore Roosevelt de incentivo ao Departamento de Justiça para tomar ações contra funcionários corruptos no início do século XX. Segundo o juiz, à época, pela primeira vez na história senadores norte-americanos foram condenados por corrupção.

Ao fim de sua exposição, Moro citou Roosevelt: "Não existe crime mais sério que a corrupção, outras ofensas violam uma lei, enquanto a corrupção ataca a fundação de todas as leis. Não menos grave é a ofensa do pagador de propina, ele é pior que o ladrão, porque o ladrão rouba o individuo, enquanto o agente corrupto saqueia uma cidade inteira ou estado. Os beneficiários e os pagadores de propina possuem uma malévola proeminência na infâmia. A exposição e a punição da corrupção pública são uma honra para uma nação e não uma desgraça.A vergonha reside na tolerância, não na correção. Nenhuma cidade ou estado, muito menos a nação, pode ser ofendida pela aplicação da lei."

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