Sergio Moro: Inicialmente, tanto o Ministério Público Eleitoral (MPE), que defendeu a cassação, quanto o próprio Moro podem ingressar com embargos de declaração no próprio TRE-PR (Jefferson Rudy/Agência Senado/Flickr)
Agência de notícias
Publicado em 9 de abril de 2024 às 20h20.
Inocentado pelo Tribunal Regional Eleitoral do Paraná (TRE-PR) no julgamento que poderia resultar na perda de seu mandato, o senador Sergio Moro (União Brasil) ainda não tem a situação judicial totalmente definida. Isso porque ainda cabem recursos à decisão da Corte, que formou maioria pela absolvição nesta terça-feira, em instâncias superiores. Como informou o colunista do GLOBO, Lauro Jardim, o PT, um dos autores da ação, pretende recorrer ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Inicialmente, tanto o Ministério Público Eleitoral (MPE), que defendeu a cassação, quanto o próprio Moro podem ingressar com embargos de declaração no próprio TRE-PR. Esse tipo de recurso, porém, não tem o objetivo de alterar o mérito da decisão, mas sim de rever trechos específicos do texto da sentença. Em seguida, é preciso aguardar a publicação do acórdão com decisão final.
TRE-PR forma maioria contra cassação de Sergio Moro; acompanhe ao vivoO ex-procurador da Lava-Jato Deltan Dallagnol, por exemplo, acabou derrotado no TSE após sair vitorioso em julgamento no TRE-PR, onde, tal qual Moro, havia sido inocentado. Após recursos, porém, ele teve o mandato de deputado federal cassado em maio do ano passado e, em tese, está inelegível por 8 anos. O agora ex-parlamentar ainda tenta evitar o afastamento das urnas.
Nesta terça-feira, na quarta sessão dedicada ao julgamento de Moro, o TRE-PR formou maioria pela absolvição. Embora ainda reste, neste momento, o posicionamento do presidente da Corte paranaense, Sigurd Bengtsson, o placar de 4 a 2 favorável ao senador não pode mais ser revertido.
Segundo as argumentações iniciais do processo, o senador teria driblado a legislação eleitoral durante a campanha de 2022. Os partidos que apresentaram a ação alegam que Moro teria gasto R$ 6,7 milhões para chegar ao Congresso, quando o limite permitido por lei é de R$ 4,4 milhões. A suposta vantagem teria sido obtida por meio de dois movimentos: a desistência de concorrer à Presidência e a mudança partidária do Podemos para o União Brasil.
Na semana passada, porém, o desembargador Luciano Carrasco Falavinha, do Tribunal Regional Eleitoral do Paraná (TRE-PR), apresentou seu relatório favorável ao senador, manifestando-se contra a cassação do mandato do parlamentar. Para Falavinha, que acabou acompanhado pela maioria dos colegas, não há precedência para a perda do mandato ou para que Moro fique inelegível. Entre os principais argumentos apresentados está o somatório feito pelas siglas dos gastos da pré-campanha à Presidência e ao Senado. De acordo com o magistrado, esta conta não seria suficiente para concluir que houve abuso de poder econômico.
Em dezembro passado, o Ministério Público Federal se manifestou pela cassação de Moro, sustentando que houve abuso de poder econômico. Nos bastidores, a vaga do ex-juiz já era, inclusive, disputada em uma espécie de pré-campanha eleitoral, o que, ao menos por ora, acabou frustrado pelo desfecho no TRE-PR.