Acidente em SP: a queda do avião matou sete pessoas, entre elas o empresário Roger Agnelli, ex-presidente da Vale (REUTERS/Nacho Doce)
Da Redação
Publicado em 21 de março de 2016 às 16h15.
São Paulo - As carcaças de cinco automóveis queimados, três deles ainda estacionados na garagem, mais um carro parcialmente incendia, um sobrado com parte da alvenaria destruída e com a pintura escura por fuligem, árvores quebradas ao meio e com folhas queimadas, além de um rastro de queima de combustível pela rua fazem parte do cenário deixado pelo avião de pequeno porte que, na tarde de sábado (19), caiu na área residencial do Jardim São Bento, um bairro de área nobre, próximo ao aeroporto do Campo de Marte, zona norte da capital paulista, matando todos os sete ocupantes.
De acordo com a Defesa Civil do município, dois imóveis foram interditados e, por medida de prevenção, moradores de outros três imóveis vizinhos foram temporariamente removidos de casa.
O local, em uma rua sem saída, atraiu a curiosidade de moradores do bairro. Alguns tentavam encontrar explicações para o acidente. Para o administrador Albino Matos, de 43 anos, é incomum o local ser rota de decolagem.
O acidente matou sete pessoas, entre elas o proprietário da aeronave, o empresário Roger Agnelli, ex-presidente da Companha Vale, a mulher, a filha e o filho de Agnelli, além do genro e da namorada do empresário.
Dos seis moradores que estavam na casa de três andares, a mais atingida pela aeronave, apenas um sofreu ferimentos leves, tendo sido atendido na Santa Casa de Misericórdia.
Na manhã de hoje (21), técnicos da Eletropaulo tentavam religar a luz do imóvel vizinho, que teve o portão da garagem parcialmente, queimado.
A companhia de telefone também foi chamada, porque os cabos de telefonia foram danificados em todo o quarteirão da Rua Frei Machado. A reportagem da Agência Brasil tentou ouvir os moradores do imóvel, mas nenhum deles quis falar sobre o caso.
De acordo com a Defesa Civil do município, dois imóveis foram interditados e, por medida de prevenção, moradores de outros três imóveis vizinhos foram temporariamente removidos de casa.
O local, em uma rua sem saída, atraiu a curiosidade de moradores do bairro. Alguns tentavam encontrar explicações para o acidente. Para o administrador Albino Matos, de 43 anos, é incomum o local ser rota de decolagem.
“Tenho um amigo que é piloto do Campo de Marte. Ele ligou para saber se estava tudo bem com a gente”, acrescentou Matos, que estava no litoral com a esposa.
Segundo ele, foi um susto até ter a certeza de que sua casa, onde tinha ficado a sogra, não tinha sido atingida.
A Polícia Civil instaurou inquérito para apurar o caso que corre no 13º Distrito Policial. As causas também estão em apuração preliminar pelo Serviço Regional de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Seripa) IV.
A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) informou que a aeronave de matrícula PR-ZRA tinha autorização apenas para vôos em caráter experimental.
“Por seu caráter experimental, suas operações são limitadas, tais como não sobrevoar aéreas povoadas, dentre outras”. O avião também não poderia transportar pessoas ou bens com fins lucrativos. Ou seja, ser utilizado para vôos comerciais.
Em entrevista à TV Brasil, o engenheiro especializado em aviação Jorge Eduardo Leal Medeiros, professor da Universidade de São Paulo (USP), informou que nenhum avião de pequeno porte tem caixa preta, equipamento constituído de fibra resistente a impacto e incêndio onde ficam armazenados os dados de comunicação da cabine com a torre de controle e das vozes internas.
Na avaliação do professor, como as condições do tempo eram favoráveis à navegação área, ficam duas hipóteses a serem consideradas como causas: defeito em equipamentos ou falha humana.
“Se esse avião era de caráter experimental, não deveria ter sido permitido que ele pousasse e operasse no Campo de Marte”, concluiu Medeiros.