Belini: "Não queremos proteger o mercado interno, queremos ser competitivos no exterior" (Pedro Motta/EXAME)
Da Redação
Publicado em 7 de fevereiro de 2011 às 14h07.
São Paulo - Preocupado com a perda de competitividade da indústria brasileira, o presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Cledorvino Belini, disse nesta segunda-feira (7) que o setor precisa de um pacote emergencial de incentivos à exportação. "Esperamos começar as discussões já no próximo mês. Não queremos proteger o mercado interno, nós queremos ser competitivos no exterior", afirma Belini, que promete apresentar um estudo detalhado sobre o tema em até três meses.
O empresário, que também preside a Fiat na América Latina, reconhece que não é um problema simples. "Ao contrário de outros países, nós exportamos tributos. Além disso, o custo de capital do Brasil é alto. Os fornecedores da cadeia, por exemplo, têm um custo de capital de giro muito elevado. Embora não seja fácil resolver o problema, eu já vivi isso em 1982 e nós encontramos soluções de competitividade."
Outra medida que seria bem vinda, segundo os executivos das montadoras, é a redução de encargos trabalhistas. "Mas não adianta reduzir na folha e aumentar imposto em outro lugar para compensar a perda de arrecadação", saienta Belini.
O presidente da Anfavea reiterou várias vezes que a alta da importação, apesar de afetar a produção, não é o foco principal, pois o Brasil já adota a alíquota máxima de 35% permitida pela Organização Mundial do Comércio (OMC). Apesar da restrição tarifária, a participação de veículos estrangeiros no mercado interno não para de crescer desde julho do ano passado, chegando aos 23,5% neste início de 2011.
Veja quanto cada país representa no total de importações de veículos no Brasil:
País | Importação |
---|---|
Argentina | 52,8% |
Coreia do Sul | 21,7% |
México | 10,6% |
União Europeia | 6,4% |
China | 3,2% |
Japão | 2,6% |
A queda das vendas e da produção em janeiro foi classificada como sazonal pelos empresários, que consideram muito cedo avaliar os efeitos das medidas restritivas adotadas pelo governo em dezembro do ano passado. Embora os estoques de veículos nas fábricas e nas concessionárias tenham crescido de 254.878, em dezembro, para 269.784, em janeiro, Belini não vê problemas no setor. "O estoque está abastecido, regular."
O empresário comemorou o fato de a indústria automobilística ter encerrado o ano passado com inadimplência de apenas 2,6%, o menor índice desde 2001. A média dos demais bens duráveis é de 5,7%, segundo dados do Banco Central.
Veja tabela com as previsões para 2011:
Veículos (inclui ônibus e caminhões) | Previsões para 2011 | Variação ante 2010 |
---|---|---|
Vendas (em volume) | 3,69 milhões | +5% |
Produção (em volume) | 3,68 milhões | +1,1% |
Exportação (em volume) | 730 mil | -4,7% |
Exportação (em valores) | US$ 13,1 bilhões |
+1,6% |