Coronavírus no Brasil (Adriano Machado/Reuters)
Clara Cerioni
Publicado em 23 de março de 2020 às 15h37.
Última atualização em 23 de março de 2020 às 20h18.
Na última sexta-feira, 20, a indústria automobilística do Brasil começou a se articular para estudar a possibilidade de aproveitar a capacidade ociosa das fábricas para produzir ventiladores pulmonares, fundamentais para atender pacientes com coronavírus em estado grave, e até leitos hospitalares.
Fontes próximas à Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) relataram com exclusividade à EXAME que nada impede que as montadoras ajudem a produzir equipamentos essenciais para a área de saúde nesse momento, mesmo porque muitas estão com a capacidade ociosa.
O setor está em contato com o governo federal e secretarias de saúde estaduais para analisar quais aparelhos seriam mais importantes para aumentar a capacidade de atendimento às pessoas infectadas pelo coronavírus nesse momento.
A Anfavea é a entidade que reúne todas as empresas fabricantes de autoveículos, máquinas agrícolas e rodoviárias autopropulsadas com instalações industriais e produção no Brasil.
Desde a última semana, montadoras como a GM e a Mercedes-Benz anunciaram a paralisação de suas atividades. Nesta segunda-feira, 23, a previsão é que a Ford também pare sua produção. A intenção é resguardar os milhares de funcionários que trabalham nas unidades produtivas.
A fabricação de ventiladores e outros equipamentos da área de saúde exigiria menos mão de obra. Com linhas de montagem automatizadas e tecnologia de ponta, as montadoras podem dar conta do recado, diz a Anfavea.
Nos Estados Unidos, a Ford, GM e Tesla se prontificaram a ajudar na fabricação de ventiladores e outros equipamentos hospitalares fundamentais para o tratamento de portadores do coronavírus.
“Com maior produtor de veículos da América, a Ford está pronta para ajudar o governo em qualquer forma que pudermos, incluindo a possibilidade de produzir ventiladores mecânicos e outros equipamentos”, disse a Ford, em comunicado, na última semana.
Os Estados Unidos têm cerca de 160.000 ventiladores. No Brasil, são menos de 70.000. Aqui, outra preocupação é o aumento da demanda por leitos comuns e de UTI nos hospitais.
A prefeitura de São Paulo vai disponibilizar 2.000 leitos novos em hospitais de campanha que serão montados no estádio do Pacaembu e no complexo Anhembi, centro de eventos com 400.000 metros quadrados.
A expectativa é que os pacientes, de baixa complexidade, comecem a ser atendidos na próxima semana. O aumento no número de casos da doença deverá pressionar ainda mais o sistema de saúde, que precisará de mais leitos e equipamentos.