Brasil

Missa de 1 ano da morte de Marielle é marcada por emoção no Rio

Militantes de direitos humanos, do movimento negro, LGBTs e feministas lotaram a igreja, uma das mais importantes do Rio

Protestos para descobrir quem mandou matar Marielle marcaram o primeiro ano da morte da vereadora (Tomaz Silva/Agência Brasil)

Protestos para descobrir quem mandou matar Marielle marcaram o primeiro ano da morte da vereadora (Tomaz Silva/Agência Brasil)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 14 de março de 2019 às 16h21.

Rio de Janeiro — A missa rezada na Igreja da Candelária, no centro do Rio, por ocasião de um ano da morte da vereadora Marielle Franco, foi marcada por muita emoção e pedidos de esclarecimento do crime. A missa reuniu a família da vereadora assassinada, bem como amigos e políticos.

Militantes de direitos humanos, do movimento negro, LGBTs e feministas lotaram a igreja, uma das mais importantes do Rio de Janeiro, segurando flores brancas e cartazes. Marielle foi assassinada juntamente com o motorista Anderson Gomes no dia 14 de março do ano passado.

Na última terça-feira, praticamente um ano depois do crime, o PM reformado Ronnie Lessa, de 48 anos, e o ex-PM Élcio Queiróz, de 46 anos, foram presos acusados, respectivamente, de fazer os disparos que mataram a vereadora e dirigir o carro. O mandante do crime, no entanto, ainda não foi apontado.

O pai de Marielle, Antonio Francisco da Silva, era um dos mais emocionados. Para ele, o dia em que o crime completou um ano foi um dos mais difíceis de enfrentar. "Nunca imaginei, nos meus piores pesadelos, participar de uma missa em homenagem à alma da minha filha assassinada", disse Antônio, pouco antes do início da celebração. "Para mim, hoje, foi muito doído. O sentimento de perda é maior do que em todos esses 365 dias passados desde o assassinato. Parece que a ficha só está caindo hoje. Hoje a minha fortaleza ruiu. Hoje está sendo muito difícil para mim."

A mãe da vereadora morta, Marinete da Silva, também falou sobre a dor da família. "Esse dia é sagrado para a família, foi um ano de muita dor", disse Marinete. "E Marielle é uma mulher que simboliza hoje para o mundo força e luta. Minha filha é grande, ela transcende tudo isso que fizeram com ela."

Antônio e Marinete cobraram da polícia a conclusão das investigações sobre o crime a partir das prisões dos executores. "Ficamos mais confiantes de que esse sofrimento vai chegar ao fim", afirmou Marinete. "Isso (as prisões) foi só o começo do que realmente queremos saber: quem mandou matar minha filha e por que fez isso."

O deputado federal Marcelo Freixo (PSOL), que conhecia Marielle desde 2002, esteve também na igreja e cobrou respostas da polícia. "Essa investigação só tem valia se conseguir descobrir quem mandou matar", afirmou. "Se revelar que grupo político é capaz de ter a violência como forma de fazer política em pleno século XXI."

A missa foi rezada pelo monsenhor Manangão, vigário episcopal da Caridade Social, que também esteve presente no velório da vereadora. Na saída da igreja, a família de Marielle foi saudada por uma outra homenagem religiosa, dessa vez de um grupo de candomblé.

A cidade amanheceu tomada de homenagens à vereadora. Logo cedo, nas primeiras horas da manhã, no "Amanhecer com Marielle", várias faixas e flores foram depositadas no local do crime, onde o carro da vereadora foi alvejado, no Estácio. Na escadaria da Câmara dos Vereadores, onde ela trabalhava, mulheres em pernas de pau estenderam uma faixa com os dizeres "Marielle Gigante".

Nas escadarias do Palácio Tiradentes, sede da Assembleia Legislativa do Rio, foram espalhados mais de 300 girassóis pelos degraus. Uma faixa questiona: "Quem matou Marielle?" Na parte da tarde, na Cinelândia, está previsto um novo ato público em frente à Câmara dos Vereadores. No fim do dia, um ato político e cultural também será realizado no local. No Complexo da Maré, onde Marielle nasceu, outras homenagens estavam previstas ao longo da tarde.

Acompanhe tudo sobre:Marielle FrancoRio de Janeiro

Mais de Brasil

Homem-bomba gastou R$ 1,5 mil em fogos de artifício dias antes do atentado

O que muda com projeto que proíbe celulares nas escolas em São Paulo

Haddad se reúne com cúpula do Congresso e sinaliza pacote fiscal de R$ 25 bi a R$ 30 bi em 2025

Casos respiratórios graves apresentam alta no Rio e mais 9 estados