Temer e Maia: presidente tenta ampliar sua base de apoio para aprovar a versão enxuta da reforma da Previdência (Ueslei Marcelino/Reuters)
Reuters
Publicado em 20 de novembro de 2017 às 14h09.
Brasília - O presidente Michel Temer deve indicar um deputado ligado ao presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), para o Ministério das Cidades a fim de tentar ampliar sua base de apoio para aprovar a versão enxuta da reforma da Previdência, disseram à Reuters uma fonte palaciana e um parlamentar envolvido nas tratativas.
O nome escolhido é o do deputado Alexandre Baldy (Podemos-GO), que deverá se filiar em breve ao PP e assumir a pasta. Deputado federal de primeiro mandato, Baldy foi o relator do projeto de repatriação de recursos.
A indicação de Baldy também agrada a partidos do chamado centrão e reduz a influência do PSDB na Esplanada dos Ministérios. Principal aliado de Temer, o partido iniciou um processo de desembarque com a saída na semana passada de Bruno Araújo da pasta das Cidades.
"É uma pessoa bem-quista na Casa e foi apresentado por dois partidos importantes da nossa base, o PP e o DEM", afirmou o vice-líder do PMDB Carlos Marun (MS), deputado próximo do Planalto.
O acerto do nome ocorreu após uma série de conversas no final de semana entre Temer, Maia, o próprio Baldy e outros parlamentares aliados. A escolha deverá ser anunciada oficialmente nos próximos dias, segundo duas fontes.
Inicialmente, o PP pressionava para emplacar no cargo de ministro o presidente da Caixa, Gilberto Occhi, mais ligado ao presidente do partido, Ciro Nogueira. Contudo, o nome de Baldy começou a ganhar força nos últimos dias na bancada da Câmara.
Uma das preocupações no Palácio do Planalto, de acordo um interlocutor de Temer, é não desequilibrar a correlação de forças na Esplanada entre os partidos da base. Uma ideia pensada é Baldy assumir o ministério filiando-se ao PP, mas ele não poderá concorrer a um cargo eletivo em outubro de 2018. Ele ficaria até o final do mandato presidencial e não teria como se beneficiar pessoalmente das ações do ministério.
Atualmente, o PP tem mais de 40 deputados e ocupa os ministérios da Agricultura e da Saúde, duas pastas com grande orçamento, além da presidência da Caixa. O partido foi um dos principais aliados de Temer na rejeição das duas denúncias contra ele na Câmara.
No momento, segundo Carlos Marun, o governo admite não ter os votos suficientes para aprovar a reforma. São necessários ao menos 308 votos no plenário da Câmara, em dois turnos de votação.
O vice-líder disse que o trabalho a ser feito envolve ampliar o apoio na base com a conclusão das mudanças na Esplanada e a apresentação do novo texto da Previdência provavelmente nesta quarta-feira, para tentar votar a matéria daqui a duas semanas.
Michel Temer também passou a avaliar a possibilidade de deslocar o tucano Antonio Imbassahy da Secretaria de Governo para o Ministério de Direitos Humanos, hoje ocupado pela correligionária Luislinda Valois. Segundo uma fonte, Temer tem muita consideração por Imbassahy, mesmo diante da provável saída do PSDB do governo e cogita mantê-lo na Esplanada.
Inicialmente, essa mudança do tucano não vinha sendo admitida no Palácio do Planalto.
A tendência é que a pasta da Secretaria de Governo fique com o PMDB. O presidente do Conselho Nacional do Sesi, o peemedebista João Henrique de Almeida Sousa, é um dos principais cotados para assumir o ministério. Ele foi deputado federal e ministro dos Transportes e tem trânsito com a bancada do partido na Câmara. Mas o vice-líder Carlos Marun também é um dos lembrados para o posto.
"O presidente está pensando a respeito, não sei se tomou uma decisão", disse Marun, ao destacar que as negociações para a pasta das Cidades estavam mais adiantadas.
Entre os aliados há quem defenda, no entanto, um nome que não seja do PMDB para assumir o ministério. A ideia seria não fortalecer o partido.