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Ministros do STF apanham mais que jogador de futebol, diz Moraes

O magistrado afirmou que enquanto o Legislativo está fragilizado no país, o Judiciário, em sentido contrário, ganhou força - e os ministros são cobrados

Moraes: "O protagonismo (do STF) vai continuar até reequilibrar o papel do Poder Legislativo" (Marcelo Camargo/Agência Brasil/Agência Brasil)

Moraes: "O protagonismo (do STF) vai continuar até reequilibrar o papel do Poder Legislativo" (Marcelo Camargo/Agência Brasil/Agência Brasil)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 23 de outubro de 2017 às 18h51.

Rio, 23 - O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, disse que há um desequilíbrio entre os poderes no Brasil, porque o Legislativo está fragilizado, enquanto o Judiciário, em sentido contrário, ganhou força.

Ele argumenta que a maior parte da população não se recorda dos congressistas nos quais votou. Mas que o STF está tão popular a ponto de seus ministros apanharem "mais que jogadores de futebol".

"O que se institucionalizou na Justiça se perdeu no Legislativo. Casos e casos de corrupção se acumularam (no Legislativo). Aí que surge a possibilidade de aparecer um salvador da pátria", afirmou durante palestra na Procuradoria Geral do Estado do Rio de Janeiro (PGE-RJ).

Em sua fala, Moraes afirmou que um dos papéis do STF é "evitar a tirania da maioria". "Num embate entre o Executivo e o Legislativo já verificamos que sempre no Brasil isso resultou em golpe."

Ele ainda fez um apelo para que, na próxima eleição, de 2018, a população seja mais criteriosa na escolha dos congressistas.

E criticou o STF por ter declarado inconstitucional, em 2006, a reforma política aprovada no Congresso. "O Supremo confundiu cláusula de barreira com cláusula de desempenho", acrescentou.

Moraes defende que haja um equilíbrio entre os poderes no futuro. "O protagonismo (do STF) vai continuar até reequilibrar o papel do Poder Legislativo. Isso é o melhor para o País para evitar a guerrilha institucional que, de um dois anos para cá, estamos acompanhando", afirmou.

Apesar de criticar o Legislativo, disse também que o fortalecimento das instituições nos últimos 30 anos fez com que não houvesse "necessidade de se pensar nas Forças Armadas como poder moderador", após o País passar pelo segundo impeachment, com a substituição da ex-presidente Dilma Rousseff pelo presidente Michel Temer, do qual foi ministro da Justiça.

No início da sua palestra, Moraes brincou com uma pessoa da palestra que o interrompeu com o celular. "Estou sendo grampeado? Essa é uma moda da República, ser grampeado", ironizou.

Envolvido em polêmica neste fim de semana, ao comentar nas redes sociais o fim da novela da Rede Globo que, em sua opinião, conferiu um ilusório glamour ao tráfico de drogas, Moraes não quis falar com a imprensa ao fim do evento.

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