Gilmar Mendes: "a corrupção existe certamente no que diz respeito ao financiamento de campanhas, basta ver as listas de quaisquer empresas", declarou (Evaristo Sa / AFP)
Da Redação
Publicado em 29 de março de 2016 às 12h41.
Brasília - O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal, declarou, em entrevista à agência portuguesa Lusa, que existe "um sistema de corrupção generalizado" no Brasil.
Mendes disse que a corrupção existe "certamente no que diz respeito ao financiamento de campanhas, basta ver as listas de quaisquer empresas".
O ministro informou que agora estão proibidas as doações de empresas às campanhas.
“Nós tínhamos até recentemente, antes da decisão do Supremo, um sistema de financiamento privado: as empresas é que financiavam a política na sua substância. Mas é bem provável que esse sistema tenha sido bastante sofisticado nesses últimos anos”, disse ele.
Gilmar Mendes participa do IV Seminário Luso-Brasileiro de Direito, que acontece no auditório da Universidade de Lisboa.
O vice-presidente, Michel Temer, também participaria do evento mas cancelou a ida.
Segundo a assessoria do PMDB, o vice-presidente cancelou a participação a pedido de parlamentares correligionários para participar de várias reuniões nesta terça-feira, quando ocorre a reunião do Diretório Nacional que vai decidir sobre a continuidade do PMDB na base alidada.
O evento conta ainda com a participação do ministro do Supremo Tribunal Federal, Dias Toffoli. e os senadores Aécio Neves, José Serra e Jorge Viana.
O seminário, que começou hoje e vai até quinta-feira (31), é promovido pelo Instituto Brasiliense de Direito Público, do qual Gilmar Mendes é cofundador, e pela a Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa.
O tema desta edição é Constituição e Crise – A Constituição no Contexto das Crises Política e Econômica.
Manifestação
Durante o seminário, brasileiros residentes em Portugal promoveram uma manifestação em defesa da democracia em frente à Universidade de Lisboa, com cerca de 50 pessoas estavam no local.
Em entrevista à agência Lusa, Bruno Araújo, um dos organizadores do protesto, informou a necessidade de defender a democracia no Brasil, "que está atualmente em risco".
Declarou ainda que o movimento é apartidário, formado por professores e estudantes brasileiros, em um "ato notável de patriotismo".
O professor Milton de Sousa, residente há cerca de um ano em Portugal, disse à agência Lusa que os brasileiros são a favor das investigações contra a corrupção, mas alertou para o atual "seletismo" nas investigações.