Brasília - O ministro da Saúde, Arthur Chioro, disse hoje (11) que não vê o Acre como uma possível porta de entrada do vírus ebola no país.
“De maneira geral, os africanos, principalmente os senegaleses, que chegam por esta via, demoram semanas até entrar ao Brasil. Eles chegam de 45 a 60 dias após a partida. É um período muito superior ao de incubação da doença, que é 21 dias”, explicou Chioro.
O ministro ressaltou que a febre hemorrágica causada pelo vírus ebola é uma enfermidade transmissível pelas secreções, fezes, vomito, suor, saliva, sêmen, e que as manifestações clínicas apresentadas são muito graves e perceptíveis.
“Ninguém, com ebola, aguentaria atravessar o circuito até a entrada pelo Acre e chegar sadio em nossa fronteira. Quanto o vírus passa a ser transmitido, geralmente 21 dias depois da contaminação, o doente apresenta sinais graves da doença, que pode ser detectada facilmente", explicou.
Depois que o Senegal registrou um caso de febre hemorrágica pelo ebola em um paciente procedente da Guiné, os profissionais que trabalham na fronteira do Acre com o Peru e com a Bolívia começaram a se preocupar com a crescente entrada de senegaleses no Brasil.
Segundo a Polícia Federal, desde o começo do ano, 1.200 senegaleses cruzaram a fronteira brasileira pelo Acre, e nos últimos 15 dias entraram imigrantes de Serra Leoa, um dos países atingidos pelo surto da doença.
Chegaram também imigrantes da Nigéria, outro país onde há incidência do vírus.
O ebola matou 2.296 pessoas no Oeste da África.
A polícia pediu treinamento para receber os imigrantes de forma segura.
O presidente do sindicato dos policiais federais no Acre, Franklin Albuquerque, defende a necessidade de uma triagem dos imigrantes, que deve ser feita pela vigilância sanitária. Ele disse que não há avaliação sanitária na fronteira.
O ministro Chioro, no entanto, entende que seria uma ação inócua.
“O Brasil tem várias regiões em que as fronteiras são um ponto imaginário. Se você colocar um fiscal da saúde no local, as pessoas que estão entrando ilegalmente vão entrar por onde estão os agentes?”, perguntou o ministro.
Ele destacou que a preocupação maior é com a entrada de estrangeiros, procedentes de países onde há epidemia, pelos 34 aeroportos internacionais, por causa da rapidez de locomoção.
Mas, mesmo assim, Chioro argumenta que há três inspeções antes de o imigrante chegar ao Brasil.
“Hoje ninguém sai da Guiné, da Libéria e de Serra Leoa sem passar por inspeção sanitária, o que é uma primeira linha de bloqueio local. Há uma segunda linha nos aeroportos onde eles têm que pegar outro avião, porque nós não temos linha direta com esses países. Quando chegam no Brasil, há uma terceira linha de bloqueio”, disse o ministro, durante a inauguração de uma Unidade de Pronto Atendimento no Distrito Federal.
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1. O que é ebola?
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1/13 (Tommy Trenchard/Reuters)
São Paulo -
Ebola é uma
doença viral aguda que causa febre hemorrágica. É causada por três das cinco espécies dentro do gênero. Duas espécies são capazes de infectar seres humanos, mas não parecem causar a doença. Os outros três podem causar graus variáveis de doença. O vírus Ebola Zaire é a estirpe mais mortal, e tem sido identificada como a causa do surto atual. Em epidemias anteriores, esta estirpe teve uma taxa de mortalidade de 90%.
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2. A origem
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2/13 (Frederick Murphy/CDC/Handout via Reuters)
A origem do vírus é incerta. Mas alguns especialistas acreditam que os morcegos podem abrigar o vírus em seu trato intestinal. Os primeiros seres humanos infectados e que espalharam a doença provavelmente caçaram e comeram um animal infectado.
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3. A epidemia atual
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3/13 (Tommy Trenchard/Reuters)
Este já é considerado o maior surto desde que o vírus ebola foi descoberto há quase 40 anos. O surto foi declarado em março, na Guiné. Desde então, a doença se espalhou para a Libéria, Serra Leoa e Nigéria e matou 60% dos infectados. São 1323 pessoas infectadas e 887 mortes, segundo o último balanço da Organização Mundial da Saúde (OMS). Cerca de 60 mortes foram de trabalhadores de saúde que procuravam controlar a doença.
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4. Os sintomas
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4/13 (AFP)
Após o contágio, o paciente pode demorar até 21 dias antes de manifestar a doença. Os sinais são semelhantes aos da gripe, incluindo dores abdominais, febre, vômitos e diarreia. O quadro se agrava com a desidratação, insuficiência do fígado e dos rins, e hemorragia.
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5. Transmissão
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5/13 (Ahmed Jallanzo/Agência Lusa/Agência Brasil)
O vírus é transmitido diretamente pelo contato direto com sangue ou fluidos corporais dos infectados, inclusive dos mortos. O contágio é maior quando os pacientes já estão em estágios terminais, com hemorragia interna e externa, vômitos e diarreia, que contêm altas concentrações do vírus.
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6. O tratamento
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6/13 (Cellou Binani/AFP)
Não há um remédio específico para a doença. Os sintomas costumam ser tratados separadamente. Por exemplo, o soro intravenoso pode evitar a desidratação, enquanto um antitérmico diminui a febre. Já os analgésicos podem diminuir as dores. Aqueles que têm a doença identificada e recebem tratamento mais cedo têm mais chances de sobreviver à infecção. Infelizmente, como os sintomas são genéricos e parecidos com de outras doenças, o diagnóstico pode demorar.
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7. Como se proteger
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7/13 (AFP)
A melhor forma de se proteger da doença é evitar os locais onde há surto de ebola. Entre as recomendações do ministro da Saúde, Arthur Chioro, para quem tiver de viajar para estes países estão, por exemplo, seguir recomendações que serão dadas pelas autoridades sanitárias locais. Chioro aconselha os viajantes a não entrar em contato com secreções, vômitos e sangue das pessoas que são vítimas das doenças, que devem estar em isolamento e tratamento médico.
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8. Epidemia global
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8/13 (Tommy Trenchard / Reuters)
O risco de o vírus ser disseminado da África para a Europa, Ásia ou para as Américas é extremamente baixo, de acordo com especialistas em doenças infecciosas. O professor belga Peter Piot, um dos descobridores do vírus ebola, descartou uma epidemia fora do continente africano, em entrevista à AFP. Mesmo que um portador do ebola viaje até Europa, Estados Unidos ou outra região da África, o cientista não acredita que isto possa causar uma epidemia importante, pois a infecção requer um contato muito próximo. Mas Piot pediu que as vacinas e os tratamentos, promissores nos animais, sejam testados em humanos.
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9. Vacina experimental
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9/13 (sxc.hu)
Pesquisadores americanos planejam testar, em breve, uma vacina experimental contra o ebola. Se bem sucedida, poderá imunizar até 2015 trabalhadores de saúde, que estão na linha de fogo da epidemia. No próximo mês, os Institutos Nacionais da Saúde dos Estados Unidos começarão os testes em humanos da vacina, que já é promissora nas experiências em macacos.
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10. Fronteiras fechadas
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10/13 (Gary Cameron/Reuters)
Guiné, Libéria e Serra Leoa anunciaram na sexta-feira (2) que vão colocar em quarentena a região fronteiriça comum, onde surgiu o último surto do vírus ebola. O anúncio foi feito durante uma reunião de emergência para discutir a epidemia e depois de a Organização Mundial de Saúde (OMS) alertar que o ebola pode provocar uma perda catastrófica de vidas e prejuízos econômicos, caso a epidemia não seja controlada.
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11. Não há mercado para a vacina
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11/13 (AFP)
Segundo a AFP, até agora não se conseguiu convencer as companhias farmacêuticas a investir em uma vacina contra o ebola. Andrea Marzi e Heinz Feldmann, do instituto de virologia NIAID, disseram em artigo publicado em abril que, com surtos esporádicos que costumam afetar um pequeno número de pessoas na África, não existe um mercado comercial para uma vacina contra a doença.
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12. Medicação
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12/13 (Samaritans Purse/Divulgação via Reuters)
Herve Raoul, especialista em patógenos e pesquisador do Instituto Médico Francês de Saúde, disse à AFP que o ideal é desenvolver um antiviral que ajude os doentes a superar a fase mais aguda da doença. No entanto, essa medicação não existe hoje. Atualmente, os especialistas só podem aconselhar medidas preventivas, como isolar os infectados, tomar precauções para evitar o contato com fluidos corporais e enterrar os mortos com rapidez.
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13. Agora veja 10 países onde respirar faz mal à saúde
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13/13 (Reuters)