(Siphiwe Sibeko/Reuters)
Gilson Garrett Jr
Publicado em 10 de dezembro de 2020 às 20h08.
Última atualização em 10 de dezembro de 2020 às 20h14.
Após dar duas datas durante esta semana sobre o início da vacinação contra a covid-19 no Brasil, o Ministério da Saúde voltou atrás e disse que não há como dar prazos porque aguarda o registro do imunizante por parte de um dos três laboratório que estão com as pesquisas mais avançadas: Pfizer/BioNTech, AstraZeneca e Sinovac.
“Seria leviano de nossa parte transmitir a qualquer brasileiro uma data correta que vai se iniciar a vacinação, uma vez que nenhuma delas têm registro ou foi disponibilizada. Tendo a autorização emergencial ou o registro, aí sim poderemos iniciar a imunização da população brasileira”, disse o secretário-executivo do Ministério da Saúde, Elcio Franco, em coletiva da imprensa nesta quinta-feira, 10.
Em duas ocasiões, o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello deu possíveis datas de quando a vacinação começaria. Na terça-feira, 8, ele falou no fim de fevereiro. Na quarta-feira, 9, ele disse que, de forma emergencial, poderia ser ainda em dezembro, ou seja, nas próximas semanas.
O governo federal ainda elabora o Plano Nacional de Imunização contra a covid-19, mas o secretário já adiantou que não será 100% da população a ser vacinada. “Cito como exemplo a influenza, que vacina 90 milhões de brasileiros. Provavelmente no caso da covid-19, crianças e grávidas devem ficar de fora”, disse.
O Ministério da Saúde formalizou nesta quinta-feira o acordo de intenção de compra de 70 milhões de doses da vacina Pfizer/BioNTech. Segundo Elcio Franco, estão previstas 8,5 milhões de doses no primeiro semestre de 2021, e as outras 61,5 milhões no segundo semestre de 2021.
Uma das grandes dificuldades de distribuição da vacina da Pfizer/BioNTech é a temperatura, que precisa ficar em torno de -70ºC. Segundo o secretário-executivo, o acordo ainda prevê uma caixa térmica que garante uma validade à vacina de 30 dias.
Ele ainda lembrou que até o momento o governo federal não comprou, de fato, nenhuma vacina contra a covid-19. Mas tem acordos com a AstraZeneca, para 100 milhões de doses, e mais 42 milhões de doses com o acordo internacional Covax Facility.
Ele, porém, ignorou a conta de 42 milhões de doses do acordo que o Instituto Butantan tem com o laboratório chinês Sinovac. Mas ressaltou que qualquer vacina que tiver o registro da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), será adquirida pelo governo federal.
O Instituto Butantan começou na quarta-feira, 9, a produção da vacina contra a covid-19 na planta em São Paulo. De acordo com o diretor da entidade, Dimas Covas, a fábrica vai passar a funcionar 24 horas por dia e serão contratados mais 120 técnicos. Até janeiro, 40 milhões de doses da vacina deverão ser produzidos no local.
Apesar de começar a produção, o imunizante ainda não foi aprovado pela Anvisa. Também não foram concluídos os testes de eficiência e segurança – a chamada fase 3 – com os 13 mil voluntários no Brasil.
A Anvisa, porém, autorizou todo o processo de importação dos insumos. O governo de São Paulo justifica que iniciar a produção antes do registro final adiantaria a imunização. Espera ainda enviar na próxima semana todos os documentos e que o registro saia até o dia 15 de janeiro.