(IBGE/Divulgação)
Agência O Globo
Publicado em 23 de abril de 2021 às 13h36.
Última atualização em 23 de abril de 2021 às 13h50.
O Censo Demográfico de 2021 está cancelado. A confirmação foi feita pelo secretário da Fazenda, Waldery Rodrigues, nesta sexta-feira.
"Não há previsão orçamentária para o Censo, portanto ele não se realizará em 2021", declarou o secretário em coletiva de imprensa sobre a sanção do Orçamento.
De acordo com Rodrigues, o levantamento foi cancelado devido aos cortes realizados — a pesquisa perdeu 96% do orçamento, que foi reduzido de 2 bilhões para 71 milhões de reais.
"As razões do adiamento foram colocadas no momento em que o Censo não teve o recurso alocados no processo orçamentário. Novas decisões sobre alocação e realização do Censo serão comunicadas", disse o secretário, que ressaltou que também serão ouvidas as orientações determinadas pelo Ministério da Saúde, em torno de questões sanitárias.
A redução no orçamento da pesquisa já havia provocado mudanças no Instituto Brasileiro de Georgrafia e Estatística (IBGE), responsável por conduzir o Censo.
Susana Guerra, que comandava o instituto, alegou motivos pessoais e pediu demissão um dia depois de o Congresso ter reduzido a verba do Censo a 71 milhões de reais. Ela foi substituída por Eduardo Rios Neto, economista e demógrafo que era diretor de pesquisas do IBGE.
Antes disso, o IBGE cancelou a prova para contratar os cerca de 200.000 recenseadores e agentes necessários para visitar os mais de 70 milhões de domicílios brasileiros.
Susana e Rios Neto publicaram artigo no O Globo defendendo a realização do Censo. "Além de ser um instrumento fundamental para o pacto federativo e a calibragem da democracia representativa, a contagem da população permite a determinação dos públicos-alvo de todas as políticas públicas nos âmbitos federal, estadual e municipal", escreveram.
O ponto é corroborado por especialistas, que alertam para o risco de um apagão estatístico diante da mais grave crise sanitária mundial do século.
A defasagem do Censo, que já dura 11 anos, dizem especialistas, pode minar políticas públicas para os próximos anos.