Sul e Sudeste do país enfrentam efeitos de temporais, diz Defesa Civil (DOUGLAS MAGNO/AFP/Getty Images)
Agência Brasil
Publicado em 22 de dezembro de 2022 às 20h26.
Minas Gerais tem hoje (22) 101 municípios em situação de emergência em razão dos efeitos das chuvas intensas que vêm atingindo o estado nos últimos dias, sobretudo as regiões metropolitana de Belo Horizonte, sul, Campo das Vertentes e Zona da Mata.
Boletim divulgado nesta quinta-feira pela Coordenadoria Estadual de Defesa Civil (Cedec) informa que, desde o início do período chuvoso, em setembro, já são 4.843 pessoas desalojadas, que tiveram que deixar suas casas por causa das chuvas e se abrigaram com parentes ou amigos. Há 1.312 pessoas desabrigadas, que precisam de abrigo público por causa de danos ou ameaças a seus domicílios. Até o momento, o estado registrou oito mortes em consequência das chuvas.
A Cedec destacou duas ocorrências em função das chuvas de ontem: a primeira foi em Sabará, região metropolitana da capital, onde o volume do Rio das Velhas chegou perto da cota máxima e houve queda de árvores, taludes e algumas ruas foram inundadas durante o temporal. “A Defesa Civil do município e o agente regional da Defesa Civil vistoriaram as áreas de risco de deslizamento de encostas em Sabará, orientando os moradores, além de monitorar o nível do rio”, informou o governo mineiro. Segundo a Cedec, não há registro de desalojados ou desabrigados e os serviços essenciais estão funcionando normalmente.
A segunda ocorrência foi em Patrocínio do Muriaé, na Zona da Mata. “Por conta das chuvas intensas, as águas do Rio Muriaé subiram de forma abrupta, formando pontos de inundação. Seis pessoas ficaram desabrigadas e cinco, desalojadas. Os serviços essenciais não foram afetados”, informou a Cedec.
O tempo permaneceu instável ao longo do dia nas regiões norte, leste e noroeste mineiro, com chuvas fortes e volumosas, que poderiam trazer transtornos à população. Tal condição meteorológica é decorrente de mais um episódio da Zona de Convergência do Atlântico Sul. “Fenômeno meteorológico típico do período de Primavera/Verão e que tem como característica provocar chuva volumosa por, pelo menos, quatro dias consecutivos”, explicou.
Nesta sexta-feira (23), o céu deve ficar encoberto a nublado com pancadas de chuva, por vezes fortes, com trovoadas isoladas no noroeste, norte, Jequitinhonha e Mucuri. Nas demais regiões, o céu fica parcialmente nublado e podem ocorrer pancadas de chuva e trovoadas isoladas. Na véspera do Natal, o céu ficará de encoberto a nublado com pancadas de chuva, em certos momentos fortes, com trovoadas isoladas nas regiões noroeste, norte, central mineira, Jequitinhonha, Rio Doce e Mucuri. Nas demais regiões, céu parcialmente nublado com pancadas de chuva e trovoadas isoladas.
Para domingo (25), a previsão é de céu nublado com pancadas de chuva e trovoadas isoladas no noroeste, norte, central mineira, Jequitinhonha, Rio Doce e Mucuri e nas demais regiões, céu parcialmente nublado com pancadas de chuva e trovoadas isoladas.
A movimentação marítima que influencia a situação meteorológica no litoral e áreas próximas de Santa Catarina continua perdendo força, mas ainda interfere nas condições de tempo nesses locais, favorecendo a maior presença de nuvens, embora com algumas aberturas em que o sol aparece. Segundo a Defesa Civil catarinense, há chance de chuva fraca e isolada. “Os acumulados dessa chuva devem ser bem menores que os registrados ao longo da semana, mas que, ao se somar a estes, ainda oferecem risco para deslizamentos nas áreas afetadas. Nas demais áreas, dia com sol e algumas nuvens”, diz o órgão.
A previsão inclui ventos de sudeste a leste, com fraca a moderada intensidade e rajadas ocasionais em torno de 45 km/h.
Amanhã, apesar de permanecer perdendo força, a circulação marítima ainda deixa o dia com variação de nuvens, alguns momentos em que o sol aparece e chance de chuva bem isolada em localidades do litoral e áreas próximas. Por conta do elevado acumulado de chuva registrado ao longo da semana, ainda há risco de deslizamentos nessas áreas. Nas demais regiões, dia com sol e algumas nuvens, porém, à tarde, há chance de pancadas de chuva bem isoladas, bastante mal distribuídas e de curta duração, diz a Defesa Civil.
Os maiores acumulados de chuva nas últimas 24 horas registrados entre os municípios capixabas que têm estação meteorológica do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) foram em Marilândia com 98 milímetros (mm), Rio Bananal com 75,2 mm, Colatina, com 59,33 mm, Baixo Guandu, com 51,6 mm, e Aracruz, com 49,35 mm. Os valores representam grande quantidade de chuvas em pouco período.
O Espírito Santo registra 1.245 desalojados e 412 desabrigados. Boa parte deles está em São Mateus, onde há 838 desalojados e 343 desabrigados.
Conforme o Cemaden, os riscos hidrológico e de movimento de massa permanecem em nível alto em São Mateus. Também em Nova Venécia continua alto o risco de movimento de massa. As duas cidades foram bastante atingidas pelos últimos temporais.
Na BR-101, no Km 71,5, na altura de São Mateus, há interdição total por causa de erosão da encosta. Na mesma estrada, na altura de Aracruz, no Km 171,3, existe um desvio, e o trânsito flui por desvio de 300 metros (m) na lateral da pista da rodovia. Já em Serra, no Km 249, a interdição é parcial, também provocada por deslizamento do acostamento.
Técnicos da prefeitura de Campos e do governo do estado do Rio continuam com as análises para elaborar os estudos topográfico, de sondagem e laboratorial do solo para reconstrução do dique da Avenida XV de Novembro, que, após fortes chuvas, cedeu na noite de segunda-feira (19). De acordo com a prefeitura, o estudo preliminar de contenção deve ser feito em cinco dias e a previsão é que as obras sejam concluídas em até seis meses.
Enquanto isso, o trecho da Avenida XV de Novembro deve continuar interditado por cerca de três meses. “Só após esse período poderá ser liberado meia pista para fluxo de veículos”, apontou.
Campos tem hoje 17 famílias isoladas na localidade de Mocotó do Imbé, com atendimento das secretarias da Defesa Civil e Desenvolvimento Humano. Além disso, 16 pessoas estão desalojadas em diferentes áreas do município, que estão em casas de familiares.
“Não há famílias desabrigadas até o presente momento”, completou.
O Centro de Operações (COR) da prefeitura do Rio decidiu a volta do município ao estágio de normalidade às 13h30 desta quinta-feira, devido à ausência de previsão de chuva moderada nas três horas seguintes. Para o Alerta Rio, serviço da prefeitura, até o fim do dia, há condições de chuva fraca em pontos isolados da cidade. O município estava em estágio de mobilização desde as 6h de terça-feira (20).
O estágio de normalidade é o primeiro em uma escala de 5 e indica que não há ocorrências de grande impacto. “Neste estágio, podem ocorrer pequenos incidentes, mas que não interferem de forma significativa na rotina do cidadão”, observou o COR.
De manhã, a BR-101 chegou a ficar totalmente interditada entre os quilômetros 477 e 424, em Angra dos Reis e Mangaratiba. A medida foi adotada pela concessionária CCR RioSP, que administra a rodovia da Praia Grande, em Ubatuba, até a capital fluminense, de forma temporária para proteger os motoristas dos riscos de deslizamento. A ação teve o apoio da Polícia Rodoviária Federal.
“O objetivo é preservar a vida dos motoristas, evitando acidentes, uma vez que o local está suscetível a deslizamento de terra, como aconteceu em abril deste ano.”, informou a concessionária, destacando que para obter mais informações sobre as condições de tráfego na rodovia, os motoristas devem consultar os seus canais de atendimento: WhatsApp (11) 2795-2238, App CCR RioSP ou pelo telefone 0800-0173536.