Febre amarela: o atual surto é considerado o maior no Brasil desde 1980, quando o Ministério da Saúde passou a disponibilizar dados da série histórica (André Borges/Agência Brasília/Divulgação)
Agência Brasil
Publicado em 29 de março de 2017 às 21h45.
O total de notificações para febre amarela em municípios mineiros chegou a 1.124 casos.
Deste total, 398 já foram descartados e 376, confirmados.
Os números constam no novo boletim epidemiológico da Secretaria de Saúde de Minas Gerais (SES-MG), divulgado hoje (29).
As confirmações ocorrem quando o paciente apresenta exame positivo para febre amarela, sintomas compatíveis com a doença, exame negativo para dengue e falta ou desconhecimento sobre vacinação.
Ao todo, 57 cidades já tiveram transmissão da doença confirmada e 97 municípios possuem registros de casos suspeitos.
Ainda segundo o levantamento, 137 mortes em decorrência da doença já foram confirmadas e 64 estão sendo investigadas.
O atual surto é considerado o maior no Brasil desde 1980, quando o Ministério da Saúde passou a disponibilizar dados da série histórica.
Até então, a situação mais grave havia ocorrido em 2000, quando morreram 40 pessoas em todo país.
A SES-MG anunciou que os boletins serão agora divulgados apenas uma vez por semana, sempre às quartas-feiras.
Antes eles eram publicados nas terças e sextas-feiras.
A mudança foi justicada em decorrência da "redução signicativa do número de casos notificados diariamente".
A febre amarela atinge humanos e macacos e é causada por um vírus da família Flaviviridae.
No meio rural e silvestre, ele é transmitido pelos mosquitos Haemagogus e Sabethes. Em área urbana, o vetor é o Aedes aegypti, o mesmo da dengue, do vírus Zika e da febre chikungunya.
Segundo o Ministério da Saúde, a transmissão da febre amarela no Brasil não ocorre em áreas urbanas desde 1942.
Até o momento, nenhum dos casos em Minas Gerais é considerado urbano.
Há duas semanas, a região metropolitana de Belo Horizonte confirmou o primeiro caso de febre amarela.
A vítima era do município de Esmeraldas (MG) e morreu em decorrência da doença.
A capital mineira não tem, até o momento, nenhuma notificação de infecção em humanos.
A Secretaria Municipal de Saúde confirma, porém, que três macacos encontrados mortos já tiveram exames positivos para a doença.
A análise de mais 11 animais apresentou resultados negativos e há ainda 20 casos em investigação.
A prefeitura de Belo Horizonte adotou algumas ações para evitar a infecção de humanos, entre elas a interdição de áreas verdes como o Parque Jacques Cousteau, o Parque das Mangabeiras e o Parque da Serra do Curral.
Além disso, houve reforço na vacinação e criação de cinco postos extras de atendimento.
Até agora 620 mil moradores da capital já foram imunizados.
Na semana passada, a SES-MG anunciou o lançamento de uma nova campanha de enfrentamento ao Aedes aegypti.
Além de ajudar a evitar o início da transmissão urbana da febre amarela, o objetivo é controlar o avanço das demais doenças cujo vetor é o mosquito.
O quadro da febre chikungunya é preocupante: de acordo com o boletim divulgado hoje (29), já são 4.852 notificações em 2017 em todo o estado, números que superam em mais de nove vezes os 500 registros de todo o ano passado.
O levantamento, porém, não diz quantas notificações são casos confirmados e quantas ainda são apenas suspeitas.
Duas possíveis mortes por febre chikungunya em Minas Gerais estão sob investigação.
A dengue e o vírus Zika, por outro lado, têm apresentado um número de vítimas mais baixo em comparação aos primeiros meses do ano passado.
De acordo com o boletim, Minas Gerais registrou até hoje 17.706 notificações para a dengue.
Uma morte pela doença já foi confirmada e 39 estão em investigação. Em 2016, entre janeiro e março, foram 357.711 notificações.
Em relação ao vírus Zika, o levantamento mostra apenas 370 notificações neste ano.
No ano passado, no final de março, os casos confirmados e suspeitos da doença somavam 10.677.
O levantamento da SES-MG registra seis casos confirmados da doença em mulheres grávidas, sendo três delas na capital mineira e mais três no interior.