Máscaras: plano dos militares é comprar insumos como máscaras, respiradores, álcool em gel e leitos hospitalares (Amilcar Orfali/Getty Images)
Beatriz Correia
Publicado em 17 de abril de 2020 às 16h56.
Última atualização em 5 de maio de 2020 às 11h31.
O Ministério da Defesa pretende firmar um acordo de cooperação técnica com pasta da Saúde para poder realizar compras, no Brasil, de insumos críticos ao combate da covid-19, como respiradores, máscaras, álcool em gel e leitos hospitalares. Só falta uma assinatura do Ministério da Saúde para o acordo entrar em vigor.
A intenção é providenciar rapidamente a aquisição dos equipamentos hospitalares e produtos da área médica, que estão em falta em grande parte das cidades do país. Muitos municípios enfrentam uma concorrência de cidades maiores e dos Estados para ter acessos aos equipamentos. “Virou um leilão”, diz Raquel Lyra (PSDB), prefeita de Caruaru, em Pernambuco.
O Ministério da Defesa deverá ficar encarregado da distribuição dos equipamentos. As Forças Armas possuem dez armazéns logísticos distribuídos por todas as regiões do país. Os insumos deverão ser enviados para esses locais, que passarão a funcionar como centros de distribuição. O pontapé inicial para começar o processo só depende mesmo do Ministro da Saúde, o médico Nelson Teich.
Nas últimas quatro semanas, a Defesa entrou em contato com municípios com mais de 180 mil habitantes para identificar suas necessidades prioritárias em relação insumos críticos de combate à covid-19. O passo seguinte foi analisar os contratos de compras de equipamentos hospitalares e produtos usados no enfretamento do coronavírus realizados pelo Ministério da Saúde.
O objetivo era levantar quais são os principais fabricantes nacionais. “Já ficou claro que não dá para depender apenas de um país, a China, para termos acessos a esses insumos essenciais”, diz Marcos Degaut, secretário de Produtos de Defesa do Ministério da Defesa. “
Foi criado então um cadastro, disponível no site da Defesa, com a quantidade diária que cada fabricante consegue produzir, o preço cobrado e sua localização. As informações estão disponíveis no site do Ministério da Defesa. No último dia 2, uma reunião com a Fiesp, Firjan, a Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq) e a Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim), além de outras entidades empresariais, lançaram as bases para a divulgação do programa.
“Muitos municípios não sabem que não precisam comprar da China porque temos esses materiais aqui”, afirma Degaut. Uma indústria de Santa Catarina já comunicou que tem condição de produzir 1 milhão de máscaras por mês.
Assim que o Ministério da Saúde der o aval para a proposta da Defesa, as aquisições dos materiais começarão a ser feitas. Há uma possibilidade de que as compras fiquem sob responsabilidade dos militares, já que o ministério já conta com armazéns e uma rota logística para fazer as entregas.
“Nosso intuito é resolver os gargalos de compra e abastecimento que atingem os municípios”, afirma Degaut. “Essa iniciativa também vai permitir o fortalecimento da produção nacional e a geração de empregos”.