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Milhares de pessoas protestam em Brasília contra "privatização" da água

A manifestação, que coincide com a celebração do Dia Mundial da Água, partiu do Parque da Cidade, onde ocorre o Fórum Alternativo Mundial da Água

Água: os manifestantes exigem democracia no uso da água (Ueslei Marcelino/Reuters)

Água: os manifestantes exigem democracia no uso da água (Ueslei Marcelino/Reuters)

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EFE

Publicado em 22 de março de 2018 às 12h16.

Brasília - Milhares de ativistas tomaram as ruas de Brasília, onde acontece o Fórum Mundial da Água, em protesto contra a "privatização" desse recurso, considerado um direito humano e um bem público pela Organização das Nações Unidas (ONU).

A manifestação, que coincide com a celebração do Dia Mundial da Água, partiu do Parque da Cidade, onde ocorre o Fórum Alternativo Mundial da Água (Fama), um fórum paralelo ao que reúne organismos, delegações oficiais e empresas de 150 países na capital.

O protesto foi precedido por uma manifestação realizada por outros movimentos sociais na frente do Congresso. Os participantes exigiram que a água faça parte de numa "agenda estratégica para o desenvolvimento", com a garantia de "acesso de todos" a esse recurso.

Em ambos os casos, as mobilizações aconteceram pacificamente, mas vigiada por centenas de polícias, inclusive membros da Polícia Montada, e eram acompanhados por dois helicópteros.

Os protestos se centraram na situação brasileira, onde segundo dados apresentados no Fórum Mundial da Água, pelo menos 35 milhões de pessoas não têm acesso a esse bem e outros 60 milhões não possuem saneamento básico adequado, o que tem impacto direto em questões de saúde pública.

Antes da manifestação, ativistas de diversos movimentos sociais ocuparam durante duas horas as instalações da Coca-Cola em Taguatinga, no Distrito Federal, como fizeram esta semana em uma fábrica da Nestlé em São Lourenço, Minas Gerais.

Segundo os manifestantes, liderados por ativistas do Movimento dos Sem terra (MST), as duas empresas negociam com o governo brasileiro a possível compra de importantes aquíferos, o que foi desmentido em forma taxativa por ambas as companhias.

De acordo a dados apresentados no Fórum Mundial da Água, cerca de 2 bilhões de pessoas no mundo que não têm acesso a fontes seguras de água e mulheres e crianças do mundo, somadas, gastam mais de 200 milhões de horas por dia buscando água.

Esses dados foram apresentados pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), que em um detalhado relatório sobre a situação hídrica global pediu que os governos encontrem soluções para a escassez de água na própria natureza.

Segundo esse organização, o planeta precisa de "soluções urgentes", pois "se nada for feito agora, em 2050 cerca de 5 bilhões de pessoas viverão sem água".

Nesse contexto, a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) defendeu a adoção das chamadas Soluções Baseadas na Natureza (SbN), um conceito que aponta à promoção de uma "infraestrutura verde", em oposição à "infraestrutura cinza".

"Durante muito tempo, o mundo recorreu primeiro lugar à infraestrutura construída ou 'cinza' para melhorar a gestão dos recursos hídricos" e "frequentemente deixou de lado o conhecimento tradicional e indígena, que adota enfoques mais ecológicos", sustenta o relatório.

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