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Milhares de fiéis celebram beatificação de primeira negra

Nhá Chica se dedicou à caridade até sua morte, em 14 de junho de 1895


	O Brasil, o país com maior número de católicos do mundo, tem dois santos: Paulina e Frei Galvão
 (Rafael Martins/Secom/Governo da Bahia)

O Brasil, o país com maior número de católicos do mundo, tem dois santos: Paulina e Frei Galvão (Rafael Martins/Secom/Governo da Bahia)

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Da Redação

Publicado em 5 de maio de 2013 às 09h57.

São Paulo - A beatificação da primeira mulher negra no Brasil, a filha de escravos Francisca da Paula de Jesus, conhecida no século XIX como 'Nhá Chica', foi celebrada neste sábado por milhares de devotos com procissões e uma cerimônia religiosa na pequena cidade de Baependi, em Minas Gerais,

A cerimônia, acompanhada por 50.000 fiéis, foi presidida pelo prefeito regional da Congregação das Causas dos Santos do Vaticano, cardeal Ángelo Amato, quem leu a mensagem do papa Francisco, na qual o pontífice lembrou que Nhá Chica foi uma 'perspicaz testemunha' da misericórdia de Cristo.

O papa, em nome de sua 'autoridade apostólica', declarou que a 'venerável serva' seja de agora em adiante chamada de 'beata e sua festa celebrada nos lugares e da maneira estabelecida pelo direito todos os dias 14 de junho', data do aniversário de sua morte.

O pontífice lembrou que Nhá Chica era 'leiga, virgem, uma mulher de assídua oração e perspicaz testemunha da misericórdia de Cristo com os necessitados do corpo e do espírito'.

O Brasil, o país com maior número de católicos do mundo, tem dois santos, um deles nascido na Itália, assim como com oitenta beatos, servos de Deus e veneráveis, sendo mais da metade estrangeiros, lista que conta agora com Nhá Chica, chamada também de 'mãe dos pobres'.

Paulina do Coração Agonizante de Jesus, que nasceu na Itália e chegou ainda menina no Brasil, e Antônio de Sant'Ana Galvão, o Frei Galvão, são os dois santos brasileiros.


A Igreja Católica elevou à divindade de santos outros três estrangeiros que realizaram sua missão apostólica e evangelizadora no Brasil.

A professora aposentada Ana Lúcia Meirelles, cujo relato de cura de uma doença cardíaca invocando a Nhá Chica foi aprovado pelo Vaticano para comprovar os milagres atribuídos à filha de escravos, foi a encarregada de levar ao altar as relíquias da nova beata.

Amato elogiou a 'vida angélica' de Nhá Chica, que segundo o cardeal italiano deve ser 'imitada como uma lição de vida para todos'.

O bispo da diocese da Campanha (Minas Gerais), Frei Diamantino Prata de Carvalho, encarregado de apresentar ao Vaticano o pedido de beatificação, lembrou uma frase que imortalizou Nhá Chica: 'Sou uma pobre analfabeta, mas oro com fé em Deus que me atende por intersecção de sua mãe da Concepção'.

Antes e depois do ato de beatificação, os milhares de fiéis oriundos de todo o país e inclusive do exterior, percorreram as ruas de Baependi com bandeiras amarelas e brancas que tingiram com as cores do Vaticano o pequeno município.

O processo para reconhecer os milagres atribuídos a Nhá Chica se iniciou em 1989, quando o papa João Paulo II a declarou 'Serva de Deus', quase 100 anos após sua morte, e sua beatificação foi determinada em junho do ano passado pelo agora papa emérito Bento XVI.

A futura beata nasceu em 1808 na cidade de São João del Rei, também em Minas Gerais, e ficou órfã aos 10 anos. Nhá Chica se dedicou à caridade até sua morte, em 14 de junho de 1895.

Apesar de ter herdado a fortuna de um irmão que enriqueceu, Nhá Chica nunca se casou e renunciou a riqueza, distribuindo os bens entre os pobres e para a construção de uma capela dedicada à Imaculada Conceição, onde hoje fica seu santuário.

Entre os devotos de Nhá Chica se destaca o escritor Paulo Coelho, autor brasileiro mais publicado no mundo. EFE

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