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Meu filho nunca teve inimizades, diz pai de garoto morto em GO

O atirador admitiu ter feito pesquisas no Google e no YouTube para aprender a carregar a arma da mãe, que estava em um móvel da casa da família

Fachada do Colégio Goyases, em Goiânia, palco de tiroteio que deixou ao menos duas crianças mortas (Google Maps/Reprodução)

Fachada do Colégio Goyases, em Goiânia, palco de tiroteio que deixou ao menos duas crianças mortas (Google Maps/Reprodução)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 21 de outubro de 2017 às 10h27.

Goiânia, Rio e São Paulo - O adolescente de 14 anos que atirou e matou dois alunos e feriu outros quatro no Colégio Goyases, em Goiânia, era estudioso, segundo colegas. Mas, de acordo com eles, o menino tem comportamento estranho e perde a paciência com provocações. João Pedro, um dos dois mortos, era o que mais irritava o atirador.

"Essa informação que estão dando sobre meu filho ser o desafeto dele é falsa", disse o publicitário Leonardo Calembo, pai de João Pedro, seu primogênito. "Acordei, fiz um carinho nele e fiz uma oração antes dele descer e disse que o amava. Eu falei isso pra ele hoje, costumava falar todos os dias. Ele me mandou um beijo e disse que me amava. Tenho certeza que ele se foi sabendo que o pai o amava."

Segundo o pai da vítima, o adolescente era alegre e não tinha inimizades. "As notas eram excelentes e ele queria fazer engenharia."

Na avaliação de Calembo, houve falha dos pais do autor do crime, que eram policiais militares e tinham armas guardadas em casa. "Cabe ver com os pais [do atirador] porque ele teve esse acesso [a uma arma]. Isso foi uma falha dos pais. A arma deveria estar em um cofre."

O atirador era constantemente chamado de "fedorento", e colegas chegaram até a levar um desodorante à escola para provocá-lo. Procurado nesta sexta-feira, 20, por telefone, um diretor da escola, abalado, preferiu não se manifestar.

"Numa prova de ética, ele desenhou o símbolo nazista e, em uma roda literária, levou um livro satânico", relatou uma menina da turma. O episódio, disse, foi em 2016. O rapaz era "estranho e frio", contou outra estudante. "Se você fizesse uma brincadeira, ele falava que ia te levar para o inferno, que ia matar sua família e te matar."

Segundo a Polícia Civil, o crime foi premeditado. "Ele pensava em se vingar há aproximadamente dois meses", disse o delegado Luiz Gonzaga, da Delegacia de Polícia de Apuração de Atos Infracionais, para onde o garoto foi levado. A motivação principal foi um garoto que o "amolava muito", que seria João Pedro.

O atirador admitiu ter feito pesquisas no Google e no YouTube para aprender a carregar a arma da mãe, que estava em um móvel da casa da família. Ele não pediu desculpas, disse a polícia, mas se mostrou arrependido.

Uma coordenadora do colégio foi responsável por convencer o atirador a parar, quando ele recarregava a pistola .40 da mãe. Diante dela, com quem o adolescente tem um bom relacionamento, ele reagiu apontando a arma para a própria cabeça, em sinal de ameaça de suicídio.

Em seguida, baixou a pistola, deu um tiro no chão e gritou: "Chamem a polícia". Nesta hora, ele travou a arma e aceitou ir com a coordenadora à biblioteca. De lá, foi conduzido para a delegacia. A coordenadora, que teve o nome preservado na investigação, prestou depoimento.

Havia buracos de tiros, segundo a polícia, pelas paredes e manchas de sangue desde o terceiro andar, onde fica a sala em que aconteceu o tiroteio, até o térreo. A perícia identificou preliminarmente ao menos 11 cápsulas de balas.

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