Ana Caroline Capagnolo, antipetista convicta, mora em um apartamento financiado pelo Minha Casa, Minha Vida (Facebook/Ana Caroline Campagnolo/Reprodução)
Clara Cerioni
Publicado em 31 de outubro de 2018 às 15h29.
São Paulo - Um dia depois de ter uma ação ajuizada pelo Ministério Público de Santa Catarina para garantir o direito dos estudantes de escolas públicas e particulares do Estado à liberdade de aprender, a deputada estadual eleita pelo PSL, Ana Caroline Capagnolo, publicou novamente em sua página no Facebook um pedido para que os alunos filmem condutas de professores, que segundo ela, fazem doutrinação partidária.
"É de ciência de todos a intenção do MPSC de bloquear o número de telefone que anunciei para ajudar os estudantes catarinenses a reclamar de episódios abusivos. Dessa forma, surgem novas alternativas para os alunos caso nosso número fique fora do ar', diz o texto.
Na ação, o MP considera a iniciativa da deputada eleita "um serviço ilegal de controle político-ideológico da atividade docente".
Além disso, o promotor, Davi do Espírito Santo, pede que a Vara da Infância e Juventude obrigue, de modo urgente, que a deputada eleita se abstenha de manter qualquer modalidade de serviço formal ou informal de controle ideológico das atividades dos professores e alunos das escolas públicas e privadas de Santa Catarina.
Pelo Facebook, a deputada eleita também comentou o fato de que tem um apartamento financiado pelo programa do governo Federal Minha Casa, Minha Vida, no município de Chapecó, em Santa Catarina, mesmo sendo anti-PT assumida.
O programa foi criado em 2009, pelo presidente Lula, e conta com juros subsidiados de 5% a 10% ao ano.
"Ainda estou pagando, mas aceito um Triplex se alguém quiser emprestar", disse em sua página.
A história veio à tona depois de uma ação que a deputada eleita entrou contra a Cooperativa Habitacional de Chapecó, Caixa Econômica Federal, Construtora Brum e Katedral Construções, que questionava o valor que constava no contrato e o financiado junto á Caixa.
Na ação, Ana Caroline Capagnolo dizia que quando se associou à cooperativa pagou 6 mil reais como sinal para a compra do imóvel e que no contrato de compra e venda do apartamento R$ 78.600,00, sendo que o valor que consta no financiamento com a Caixa é de R$ 72.600,00.
Para ela, esse valor a mais "tratou-se de corretagem às avessas, de forma a favorecer supostas cooperativas e construtoras", diz o texto da ação.
A juiza, Nádia Schimitd, entendeu, no entanto, improcedente a ação movida pela deputada eleita. Segundo a sentença, o valor pago – conforme constou claramente no contrato firmado tratava-se de sinal, princípio de pagamento do imóvel.
"Constou de forma clara, objetiva e destacada que o preço de venda do imóvel era de R$ 78.600,00, sendo R$ 6.000,00 pagos com recursos próprios e o restante de R$ 72.600,00 mediante financiamento. O fato de o contrato firmado posteriormente perante a Caixa Econômica Federal ter indicado valor inferior não tem relevância alguma e de forma alguma demonstra "que o preço de venda era menor". O preço era de R$ 78.600,00, conforme resta absolutamente claro no contrato assinado pela autora, inexistindo espaço para qualquer dúvida. Veja-se que a parte autora não alegou ter subscrito o contrato sob coação ou induzida a erro. O contrato firmado, portanto, é perfeitamente válido, gerando plenos efeitos obrigacionais", diz o texto.
Procurada, a deputada eleita não respondeu os pedidos da reportagem até o momento.