A presidente Dilma Rousseff conversa com a chanceler alemã Angela Merkel: reunião terá debate de aspectos como inovação, proteção climática, biodiversidade, cooperação e troca cultural (Roberto Stuckert Filho/Presidência da República)
Da Redação
Publicado em 19 de agosto de 2015 às 09h41.
Berlim - A chanceler alemã, Angela Merkel, partiu nesta quarta-feira com vários ministros para o Brasil para se reunir com a presidente Dilma Rousseff na primeira cúpula intergovernamental entre ambas as potências.
A grande delegação do governo - Merkel está acompanhada de ministros e secretário de Estado de 11 ministérios - iniciou a viagem ao Brasil imediatamente após o encerramento da sessão do Bundestag (parlamento) que deu sinal verde ao terceiro resgate à Grécia.
Merkel e sua delegação assistirão nesta mesma quarta-feira uma recepção em Brasília oferecida por Dilma, enquanto a agenda oficial da quinta-feira será aberta para a chanceler com um café da manhã com destacados representantes da indústria alemã.
Ambas as líderes presidirão depois as consultas bilaterais, de cerca de cinco horas de duração e centradas em aspectos como inovação, proteção climática, biodiversidade, cooperação e troca cultural.
Na cúpula espera-se que sejam fechados projetos ambientais por cerca de 551 milhões de euros, dos quais o núcleo principal corresponderá às energias renováveis.
A Alemanha espera, além disso do Brasil, garantias de proteção jurídica para as 1,4 mil empresas germânicas que trabalham no país, das quais dependem, segundo lembraram estes dias fontes governamentais, um quarto do milhão de postos de trabalho.
O Executivo de Merkel defendeu a realização da cúpula, apesar dos problemas que o Brasil enfrenta, com o argumento de que as consultas foram largamente planejadas e não estão submissas a "assuntos internos".
A delegação alemã reflete o grau de importância que Berlim dá para relação com o Brasil, seu primeiro parceiro da região e o único ao qual se eleva agora à categoria de preferente com estas consultas intergovernamentais.
A Alemanha mantém este formato só com alguns países da União Europeia -França, Espanha, Itália, Holanda e a vizinha Polônia- e com aliados tradicionais como os EUA e Israel, assim como China, Índia e Rússia, nesse caso suspensas por causa do conflito ucraniano.
O fato da cúpula com o Brasil ocorrer em tempos confusos -escândalo de corrupção na Petrobras, manifestações de protesto em mais de 200 cidades e previsões de contração da economia brasileira de 2% neste ano- é, para Berlim, uma sorte de contrariedade pontual.
Desde Berlim evitou-se entrar em especulações sobre um eventual julgamento político ou processo para a cassação de Dilma -é um presidente reeleita e legitimada pelas urnas, lembrou.
O estabelecimento de consultas intergovernamentais é algo que vai além das simpatias atuais que une seus líderes e são colocadas sobre bases de sua solidez presente e futura, insistiu.
Os ministros que acompanham Merkel são os de Relações Exteriores, Frank-Walter Steinmeier; Saúde, Hermann Gröhe; Meio Ambiente, Barbara Hendricks; Agricultura, Christian Schmidt; Transportes, Alexander Dobrindt, e Cooperação, Gerd Müller.
Não estará na delegação o vice-chanceler, ministro da Economia e líder social-democrata, Sigmar Gabriel, apesar do grande peso econômico nas relações bilaterais.
O montante global dos investimentos da Alemanha no Brasil se situa em 19,4 bilhões de euros, no qual entram tanto os grandes consórcios do país como indústrias médias.
O volume de exportações ao Brasil foi em 2014 de 11,8 bilhões de euros -um aumento anual de 1%-, enquanto as importações ficaram em 6,6 bilhões -uma queda de 7%-.
Será a quarta viagem ao Brasil de Merkel como chanceler, após as realizados em 2008 e 2014.
Dilma visitou reiteradamente a potência europeia, seja como presidente ou, antes, acompanhando Luiz Inácio Lula da Silva. EFE