O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF): segundo o ministro, "alguma coisa está andando" em relação a possíveis irregularidades já identificadas (Fábio Rodrigues Pozzebom/ABr/Agência Brasil)
Da Redação
Publicado em 30 de abril de 2015 às 17h18.
Brasília - O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), decidiu manter na internet por mais um ano todos os arquivos das contas de campanha da presidente Dilma Rousseff prestadas à Justiça Eleitoral.
Ao comentar a decisão nesta tarde, Mendes sugeriu indícios de irregularidades nos documentos.
"Só aqui nesta rápida passagem nós vimos a empresa Focal (gráfica), a segunda maior receptora de recursos, (recebeu) R$ 25 milhões para montar palanques. Uma empresa com uma estrutura modestíssima. Quando se sabe que essa é uma atividade descentralizada (palanques), provavelmente temos aqui alguma irregularidade grave. Agora surge aqui a gráfica e quantas outras situações nós devemos ter?", disse o ministro, ao chegar para a sessão do STF desta tarde.
Segundo o ministro, "alguma coisa está andando" em relação a possíveis irregularidades já identificadas, mas outras podem ser apuradas.
Ao decidir manter os arquivos na internet por mais um ano, o ministro escreveu que têm sido revelados "fatos gravíssimos relacionados às contas de campanha" o que "evidencia a imperiosidade de manter franco acesso aos documentos, em prestígio à ampla publicidade e ao livre acesso às informações eleitorais".
Quando a prestação de contas da presidente Dilma Rousseff foi aprovada com ressalvas pelo TSE, em dezembro do ano passado, a Corte Eleitoral decidiu encaminhar os dados para a Receita Federal, Ministério Público, Tribunal de Contas da União e Conselho de Controle de Atividade Financeira (Coaf), para que os órgãos procedam as investigações.
O ministro, que é também vice-presidente do TSE, mencionou que os arquivos de prestações de contas são periodicamente destruídos, com o passar do tempo. Se isso ocorresse no caso das contas de 2014, segundo ele, "ficar ainda mais difícil" avançar nas apurações.
"No futuro vamos ter que rever todo esse modelo de fiscalização. Discutimos tanto o modelo da receita, do financiamento, e esquecemos o modelo de despesas", criticou Mendes.