Em 2017, já como coronel, Mello Araújo assumiu o comando da Rota, onde ficou até 2019, quando entrou para a reserva
Repórter
Publicado em 11 de setembro de 2024 às 14h45.
Escolhido para ser vice na chapa com o atual prefeito e candidato à reeleição Ricardo Nunes (MDB), o coronel da reserva da Polícia Militar Ricardo Mello de Araújo tem agido como uma ponte entre o emedebista e o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Indicado para compor a chapa pelo próprio Bolsonaro, o vice de Nunes tem desempenhado papel fundamental em meio à disputa pelo eleitorado de direita nesta eleição para a prefeitura de São Paulo, em que os votos parecem divididos entre Nunes e o influenciador Pablo Marçal (PRTB), com acenos do ex-capitão para ambos.
A definição, em junho, do nome do ex-PM ganhou força justamente após a entrada do ex-coach na corrida eleitoral, já visto na época como uma ameaça sobre os votos bolsonaristas. Mello Araújo também contava com o apoio do governador de São Paulo Tarcísio de Freitas (Republicanos) para dividir a chapa com o candidato à eleição.
Inicialmente, segundo Nunes em entrevistas, quando Bolsonaro apresentou sua indicação, em janeiro, não teve muita simpatia. O prefeito afirmou, porém, com um "processo democrático de diálogo"passou a se agradar com a ideia, principalmente pelo trabalho feito por Mello como presidente da Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (Ceagesp) durante o governo Bolsonaro.
Fiel escudeiro do ex-presidente, Mello Araújo assumiu a presidência do armazém no dia 23 de outubro de 2020, onde permaneceu até janeiro de 2023. À frente do entreposto, o ex-PM teve a gestão marcada pela militarização de seu quadro de funcionários, com policiais militares em cargos comissionados, e também pela instalação de um clube de tiro dentro da sede da Ceagesp na Vila Leopoldina, zona oeste da capital paulista, em julho de 2022. O espaço funcionou até 22 de novembro do mesmo ano.
A trajetória profissional do vice de Nunes, contudo, teve início quando Mello Araújo entrou no curso preparatório da PM com apenas 15 anos e se formou, em 1992, na Academia Militar do Barro Branco, escola que forma oficiais da corporação. Com a carreira policial, ele chegou ao posto de tenente, trabalhando no 34º Batalhão da Polícia Militar do Interior, na cidade de Bragança Paulista, e depois no 28° Batalhão, na capital.
Em 2017, já como coronel, assumiu o comando da Rota, onde ficou até 2019, quando entrou para a reserva. De acordo com o ex-PM, ele foi o terceiro da família que serviu na Polícia Militar de São Paulo. Antes dele, seu avô foi integrante da força pública e combatente paulista durante a Revolução de 1932. Seguido por seu pai, que foi chefe do Batalhão de Choque e do Comando de Policiamento da capital.
Hoje, aos 53 anos, Mello Aráujo tem sido visto principalmente acompanhando Bolsonaro em agendas. Nesta terça-feira, 10, por exemplo, ele priorizou viajar a Registro, no interior paulista, para ajuda na campanha à prefeitura do município de Renato Bolsonaro, irmão do ex-presidente. À imprensa, Nunes justificou que também havia sido confirmado por seu vice para participar do ato bolsonarista também para ajustar uma data com Bolsonaro para a gravação de propagandas e participação em agendas públicas do prefeito de São Paulo.