Henrique Meirelles acredita em um aumento na nota brasileira em breve (José Cruz/AGÊNCIA BRASIL)
Da Redação
Publicado em 13 de dezembro de 2010 às 10h02.
Sâo paulo - O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, afirmou, depois de participar do seminário Reavaliação do Risco Brasil, em São Paulo, que está convicto de que a melhora clara dos fundamentos macroeconômicos do País dá condições para que as agências de rating melhorem as suas atuais avaliações sobre o Brasil.
Na palestra, Meirelles mostrou que o rating do Brasil é BBB-, segundo a Standard & Poor''s (S&P), com a dívida pública bruta de 60% do PIB, enquanto outros três países europeus apresentam indicadores fiscais piores que os do Brasil, mas com notas superiores: a Irlanda tem nota A, com endividamento de 65% do PIB; Portugal tem avaliação A-, com passivo bruto de 77% do PIB; e a Itália possui nota A+, embora seu endividamento seja quase duas vezes superior ao do Brasil, de 116% do PIB.
"Eu apenas mostrei dados factuais. Isto é, diversos indicadores hoje, inclusive a dívida pública total, como foi mostrado aqui, ou a dívida pública líquida (na qual) é mais claramente visível esse processo, o Brasil tem endividamento público substancialmente inferior a determinados países que têm um rating melhor", disse o presidente do BC.
"Acho que é um processo normal. O País vai convergindo para patamares cada vez mais elevados de avaliação de risco, na medida em que vai se consolidando essa trajetória de estabilidade da economia brasileira", afirmou.
"Não há dúvida que isso traça um panorama positivo para o País, na medida em que, independentemente de qual seja no futuro a avaliação de rating de outros países, o que não é nosso problema, isso mostra que o País está numa trajetória de melhora gradual de seus fundamentos. E, portanto, o reconhecimento disso pelas agências avaliadoras de diversos tipos é apenas uma questão de tempo (até que o rating melhore)", completou Meirelles.
Perguntado pela Agência Estado se acredita que o Brasil mereceria receber um upgrade no curto prazo, Meirelles afirmou: "Isso compete a cada agência, dentro de sua dinâmica individual".
Após comparar o rating e os números do endividamento bruto brasileiro com o de países com situação fiscal bem pior, mas que possuem notas melhores pela S&P, Meirelles comentou: "Evidentemente, eu olho isso com otimismo. É uma situação promissora", afirmou, provocando risos entre os presentes.
Nesse momento, a presidente da S&P, Regina Nunes, disse: "Ou eles vão convergir para baixo. Vai acontecer alguma coisa", afirmou, e Meirelles respondeu com bom humor: "Esperamos que convirja (...) Esperamos que o Brasil melhore de qualquer maneira", disse.