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Megaferiado começa hoje em São Paulo e no Rio; veja o que muda

Saiba tudo que irá impactar cariocas e paulistanos na próxima semana; especialistas comentam sobre necessidade de lockdown

São Paulo e Rio: megaferiado é para tentar evitar o colapso generalizado do sistema de saúde (Bruna Prado/Getty Images)

São Paulo e Rio: megaferiado é para tentar evitar o colapso generalizado do sistema de saúde (Bruna Prado/Getty Images)

LP

Laura Pancini

Publicado em 26 de março de 2021 às 06h00.

Última atualização em 26 de março de 2021 às 15h32.

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Nesta sexta-feira, 26, começa o megaferiado nas cidades de São Paulo e Rio de Janeiro. As ações, decididas pela Assembleia Legislativa do Rio (Alerj) e a gestão do prefeito Bruno Covas (PSDB), são feitas com o intuito de tentar evitar o colapso generalizado do sistema de saúde nas regiões.

Após anúncio da antecipação dos feriados em São Paulo, os prefeitos das nove cidades da Baixada Santista (Santos, Bertioga, Cubatão, Guarujá, Itanhaém, Mongaguá, Peruíbe, Praia Grande e São Vicente) aderiram ao lockdown, que começou na última terça-feira, 23, e irá durar até o dia 4 de abril. Apenas serviços essenciais estão permitidos.

Apesar do feriado em São Paulo e no Rio, os bancos continuam operando normalmente para evitar atraso em atividades como pagamento de contas e outras operações financeiras essenciais. A B3 também funciona da mesma forma.

Outras cidades no Brasil não se manifestaram sobre uma possível antecipação de feriados. Veja o que irá impactar cariocas e paulistanos na próxima semana:

Megaferiado em São Paulo

Na capital paulista, serão antecipados os feriados de Corpus Christi (3 de junho) e Consciência Negra (20 de novembro), tanto de 2021 como 2022, além do aniversário da cidade (25 de janeiro) no ano que vem. O período total, de dez dias, vai desta sexta-feira, 26 de março, até 4 de abril.

  • 26 de março - sexta-feira - feriado antecipado
  • 27 de março - sábado
  • 28 de março - domingo
  • 29 de março - segunda-feira - feriado antecipado
  • 30 de março - terça-feira - feriado antecipado
  • 31 de março - quarta-feira - feriado antecipado
  • 1º de abril - quinta-feira - feriado antecipado
  • 2 de abril - sexta-feira - Paixão de Cristo
  • 3 de abril - sábado
  • 4 de abril - domingo - Páscoa

O que fica aberto e o que fecha em São Paulo?

Apenas serviços essenciais, como mercados e farmácias, estão permitidos na capital paulista. O diferencial é o fechamento do serviço de indústria, que é considerado essencial, mas deve parar para evitar mais movimentação pela cidade.

As escolas da rede de ensino estaduais permanecem fechadas, e o mesmo foi sugerido para instituições municipais e privadas.

É recomendado escalonamento de horário para os trabalhadores dos setores de serviço e comércio com objetivo de diminuir a lotação nos transportes públicos.

Megaferiado no Rio de Janeiro

Aprovado pela Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), o projeto antecipa as celebrações de Tiradentes (21 de abril) e São Jorge (23 de abril) e cria novos dias de recesso para evitar a circulação de pessoas. O período total, de dez dias, vai desta sexta-feira, 26 de março, até 4 de abril.

  • 26 de março - sexta-feira - feriado antecipado
  • 27 de março - sábado
  • 28 de março - domingo
  • 29 de março - segunda-feira - feriado antecipado
  • 30 de março - terça-feira - feriado decretado
  • 31 de março - quarta-feira - feriado decretado
  • 1º de abril - quinta-feira - feriado decretado
  • 2 de abril - sexta-feira - Paixão de Cristo
  • 3 de abril - sábado
  • 4 de abril - domingo - Páscoa

O que fica aberto e o que fecha no Rio de Janeiro?

O projeto deu margem para as prefeituras determinarem suas próprias iniciativas de isolamento. "Havendo conflito de normas estaduais e municipais, prevalecerá aquela em que haja a imposição de medidas mais restritivas", afirma.

As prefeituras da capital e de Niterói anunciaram que fecharão serviços não essenciais durante o megaferiado, de modo a evitar aglomerações em bares, shoppings e praias, entre outros locais.

Todas as praias do estado serão fechadas ao acesso de pessoas, incluindo permanência nas areias ou banho de mar. As aulas presenciais nas redes pública e privada foram suspensas.

As cidades que decidirem manter serviços abertos, como bares e restaurantes, terão que operar com até 50% da capacidade de lotação e até às 23h. Atividades em casas de shows, boates e eventos com a participação de público estão suspensas. 

Shopping centers e centros comerciais estão autorizados a funcionar com limite de 40% de capacidade e funcionamento das 12 até às 20h. Lojas de rua podem ficar abertas das 8 às 17h

Atividades esportivas individuais ao ar livre, atividades em igrejas e templos religiosos, salões de beleza e academias estão permitidos, mas há obrigatoriedade de seguir as diretrizes de distanciamento social. No caso dos últimos dois, os serviços podem abrir com limitação de 50% da capacidade.

Pandemia no Brasil

Atualmente, o Brasil enfrenta o pior momento da pandemia. Na última quarta-feira, 24, 3.158 mortes em decorrência da covid-19 foram registradas e, com o número, o país já responde por cerca de 1/3 das mortes por covid em todo o mundo.

O Ministério da Saúde também está passando por um período de mudança, com o médico Marcelo Queiroga sendo empossado na última terça-feira, 23, como ministro da pasta, substituindo o General Eduardo Pazuello. Durante sua primeira entrevista no cargo, Queiroga afirmou que pretende vacinar 1 milhão de brasileiros por dia, mas não deu mais informações.

“Nós temos condições de vacinar muitas pessoas. Nesse momento, vacinamos 300.000 pessoas todos os dias, e o governo assume o compromisso de, em curto prazo, aumentar em pelo menos três vezes essa velocidade, para 1 milhão de vacinas todo dia. É uma meta plausível. Temos capacidade de fazer até mais, mas não quero me comprometer com algo que depende de mais vacinas”, disse ele em entrevista coletiva.

O Brasil atualmente é o 15º país que mais vacinou no mundo, comparando valores proporcionais. De acordo com dados da Universidade de Oxford, 11 milhões de pessoas receberam pelo menos a primeira dose, o que corresponde a 5,4% da população, atrás de países como Israel (60%), Reino Unido (41%), Chile (30%), e Estados Unidos (25%).

Em todo o país, vários municípios vêm sofrendo com a falta de leitos de internação, com decorrente colapso na assistência de saúde, o que tem provocado mortes de pacientes por falta de atendimento. O novo ministro liberou a abertura de mais 685 leitos de Unidades de Tratamento Intensivo (UTIs) em 12 estados.

O que dizem os especialistas sobre o lockdown?

Fernando Rosado Spilki, infectologista e presidente da Sociedade Brasileira de Virologia, diz que a dispersão das variantes do novo coronavírus indica que não há outra alternativa além do lockdown.

A variante brasileira P1 foi encontrada em Manaus entre dezembro de 2020 e janeiro de 2021, e foi um dos fatores para o colapso do sistema de saúde na cidade. As variantes sul-africana (B1351) e britânica (B117) também já foram identificadas em solo brasileiro. As três têm em comum a mutação N501Y (também apelidada de “Nelly”), que faz com que as cepas sejam mais contagiosas.

A biomédica e idealizadora do Rede Análise Covid-19, Mellanie Fontes-Dutra, destaca, porém, que não há como saber até que ponto as variantes estão impactando o número de casos. “É importante entendermos que as variantes podem ter contribuído para esse cenário, mas elas não são as únicas culpadas. Muito do que estamos vivendo é fruto da irresponsabilidade de muitas pessoas que desrespeitam as medidas de segurança”, afirma.

Para tentar conter o aumento de novos casos, o virologista Fernando Spilki acredita na restrição de movimentação pelas e entre cidades como medida principal. “Só que isso tem que ser algo coordenado e aplicado de maneira estratégica em diversas regiões. Infelizmente, não há muitas outras alternativas para evitar a disseminação destas variantes”, diz.

“A grande preocupação é a adesão da população. A queda de mobilidade não é tão acentuada quanto foi no início da pandemia. É muito necessário, se tivermos um lockdown, que as pessoas aderem a ele. Ainda não estamos vendo o pico desta onda, ela só está subindo em um paredão crescente”, diz Mellanie Fontes-Dutra, que enfatiza a importância de continuar fazendo o uso de máscara, álcool gel e medidas de distanciamento social.

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