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Medidas somam até 5% do PIB, mas governo voltará às reformas, diz Guedes

Segundo Guedes, passado esse período de três, quatro meses, o país precisará destravar investimentos e aprovar projetos e reformas no Congresso

Guedes e Bolsonaro: "Vamos pagar em um ano as despesas do coronavírus", disse Guedes (Adriano Machado/Reuters)

Guedes e Bolsonaro: "Vamos pagar em um ano as despesas do coronavírus", disse Guedes (Adriano Machado/Reuters)

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Reuters

Publicado em 29 de março de 2020 às 09h55.

Última atualização em 29 de março de 2020 às 10h26.

BRASÍLIA - As medidas para enfrentamento ao coronavírus somam de 4,8% a 5% do Produto Interno Bruto (PIB), num desvio transitório do foco do governo, que permanece sendo de reformas para retomada do crescimento, defendeu o ministro da Economia, Paulo Guedes, na noite deste sábado.

"Se nós fizermos um programa colossal de (medidas) emergenciais sem sinalizar as estruturantes, aí nós vamos desestabilizar as expectativas, aí começa o juro a subir, começa a inflação a subir e isso nós não podemos permitir", disse ele, ao participar de mesa redonda virtual com executivos da XP.

Segundo Guedes, passado esse período de três, quatro meses, o país precisará destravar investimentos e aprovar projetos e reformas no Congresso com esse objetivo.

O ministro também afastou a possibilidade de saída do governo, afirmando que isso é "conversa fiada total".

Ele pontuou que, por conta dos gastos com o surto do Covid-19, o Brasil terá déficit primário "extraordinário" este ano. Mas o ministro afirmou que o Brasil arcará rapidamente com essa conta.

"Vamos pagar em um ano as despesas do coronavírus", disse Guedes. "Nós vamos vendendo, vamos fazer como fizemos no ano passado", acrescentou ele, lembrando de iniciativas levadas a cabo em 2019, como a venda de reservas internacionais pelo Banco Central e a venda de ativos pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

 

 

Ao especificar os impactos fiscais de iniciativas já anunciadas, o ministro afirmou que o programa voltado aos autônomos e informais, de concessão de um vale de 600 reais por três meses, terá um custo de cerca de 50 bilhões de reais.

Já a complementação do salário para os trabalhadores formais que tiverem jornada e remuneração reduzidas --ação que ainda está sendo finalizada pela equipe econômica-- terá um impacto em torno de 45 bilhões de reais a 50 bilhões de reais, disse.

Sobre esta ação, o ministro sinalizou que a ideia do governo é que ela funcione de maneira combinada com o financiamento da folha de pagamento das pequenas e médias empresas, que o ministro chamou de Fopas. Aos executivos, Guedes indicou, inclusive, que o direcionamento de recursos do Tesouro no Fopas deve dobrar de tamanho.

Na sexta-feira, o governo anunciou um programa de 40 bilhões de reais para financiar por dois meses a folha de pagamento das pequenas e médias empresas com recursos do Tesouro e dos bancos, buscando fornecer respiro de caixa às companhias em meio à pandemia do coronavírus.

O governo federal ficará com 85% do risco de inadimplência e os bancos com os demais 15%.

Guedes reconheceu que, apenas com a diminuição dos compulsórios pelo Banco Central, o dinheiro não estava chegando na ponta aos tomadores de crédito, o que ele disse ser natural num momento em que os bancos passam a ter mais medo de inadimplência por conta da crise.

"A gente tem que dar um empurrãozinho no banco. Então vamos fazer o seguinte: nós vamos correr o risco, separamos um dinheiro do Tesouro ... são 40 bi num primeiro tranche, depois vamos botar mais 40 e depois, se precisar, nós vamos botando."

De acordo com Guedes, tanto a medida de redução da jornada com ajuda do governo na complementação dos salários quanto a do financiamento da folha de pagamento das PMEs serão formalmente enviadas ao Congresso "nos próximos dias".

"A gente vai combinar os dois", afirmou o ministro. "Quando lançarmos, o pequeno empresário vai poder falar no banco dele 'eu já negociei o salário com a turma lá, sei que tem uma complementação do salário (pelo governo) e preciso de empréstimo para pagar (a minha parte)'", afirmou.

 

 

Tempo do isolamento horizontal

Sobre a duração necessária de um isolamento horizontal, mais rígido, para evitar o contágio da população pelo coronavírus, o ministro reconheceu não haver consenso sobre o tema dentro do governo. "A resposta francamente é o seguinte: não há acordo", afirmou ele.

"Estava claramente a favor do isolamento no início, ninguém tinha dúvida disso. Num primeiro momento o isolamento é importante. Agora a gente sabe o seguinte: se for isolamento longo demais é uma catástrofe econômica. Se for isolamento curto demais é uma catástrofe de saúde pública", acrescentou.

O ministro afirmou ser importante manter corredores logísticos abertos para permitir o escoamento da safra agrícola e o abastecimento de hospitais, supermercados e farmácias.

"Se nós conseguirmos manter essa oxigenação do setor econômico, você pode até alongar um pouco o isolamento. Agora se o isolamento for total, o fôlego é mais curto."

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