Brasil

Medidas de isolamento perdem força nas maiores cidades do país

Dados de telefone celular e de transporte público do Rio e de São Paulo apontam para um aumento do tráfego e da circulação de pessoas

Estação de trem do Maracanã, no Rio de Janeiro em meio a pandemia de coronavírus (Pilar Olivares/Reuters)

Estação de trem do Maracanã, no Rio de Janeiro em meio a pandemia de coronavírus (Pilar Olivares/Reuters)

R

Reuters

Publicado em 9 de abril de 2020 às 17h08.

Última atualização em 13 de abril de 2020 às 18h27.

O isolamento social imposto nas maiores cidades brasileiras contra o surto de coronavírus está começando a perder força, de acordo com novos dados desta semana analisados pela Reuters, com mais pessoas saindo de casa enquanto o presidente Jair Bolsonaro segue criticando as medidas de restrição de circulação.

Os governos estaduais do Rio de Janeiro e de São Paulo têm manifestado preocupação à medida que suas ordens de isolamento social perdem eficácia, mesmo no momento em que o surto de Covid-19 se espalha pelo país e o número de casos confirmados chega a 17.857, com 941 mortes.

Dados de telefone celular, de transporte público e entrevistas com taxistas do Rio e de São Paulo apontam para um aumento do tráfego e da circulação de pessoas nas ruas das duas maiores cidades do país.

Prefeitos e governadores que tentam manter os brasileiros dentro de casa têm tido dificuldades diante dos repetidos ataques de Bolsonaro às medidas de distanciamento social, que ele descreveu como "veneno" que poderia matar mais pelas dificuldades econômicas provocadas do que o próprio vírus.

No Estado de São Paulo, dados de celulares coletados sem identificação dos usuários pelo governo e passados à Reuters na quarta-feira mostraram que o número de pessoas consideradas em isolamento social atingiu o ponto mais baixo nesta semana desde o início do confinamento, em 24 de março.

"O isolamento social caiu significativamente nos últimos dois a três dias e isso faz com que nosso desafio cresça", disse a secretária de Desenvolvimento Econômico do Estado, Patricia Ellen, à Reuters. "Existe essa preocupação.”

Na quarta-feira, 49% dos moradores de São Paulo foram considerados em "isolamento social", em comparação com um pico nos dias de semana de 56% em 30 de março, de acordo com uma análise governamental dos dados de celulares coletados de operadoras de telefonia. Os maiores picos foram aos domingos, quando 59% permaneceram isolados.

O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), disse a repórteres nesta quinta-feira que o Estado almeja uma taxa de cumprimento da medida de 70%, o que, segundo ele, a ciência mostrou ser necessário para que seja adequadamente eficaz.

Na cidade de São Paulo, o número de passageiros usando ônibus públicos aumentou 28% na segunda-feira em comparação com o mesmo dia da semana anterior, segundo dados oficiais.

Nesta semana, o metrô do Rio registrou o maior número de passageiros em dias úteis para uma segunda e terça-feiras desde o início do isolamento, no dia 23 de março. Trens e ônibus também tiveram um aumento no número de passageiros.

Luciano Ventura de Jesus, um taxista de 58 anos em São Paulo, disse ter visto um aumento na demanda de passageiros desde a semana passada.

Ele agora faz sete ou oito viagens por dia, contra apenas duas ou três na semana passada. Em um dia normal, antes do confinamento, ele disse fazer de 12 a 15 viagens.

"As pessoas estão mais relaxadas (em relação ao isolamento)", afirmou.

As últimas notícias da pandemia do novo coronavírus:

Acompanhe tudo sobre:CoronavírusJair BolsonaroRio de Janeirosao-paulo

Mais de Brasil

Justiça argentina ordena prisão de 61 brasileiros investigados por atos de 8 de janeiro

Ajuste fiscal não será 'serra elétrica' em gastos, diz Padilha

G20: Argentina quer impedir menção à proposta de taxação aos super-ricos em declaração final

Aliança Global contra a Fome tem adesão de 41 países, diz ministro de Desenvolvimento Social