Rio: na última sexta-feira (4), o governo do Rio de Janeiro anunciou um pacote medidas para enfrentar a crise financeira no estado (Marcelo Correa/EXAME.com)
Agência Brasil
Publicado em 7 de novembro de 2016 às 17h56.
O procurador-geral de Justiça do Rio, Marfan Vieira, disse hoje (7) que as medidas para conter o déficit financeiro do estado encaminhadas pelo governador Luiz Fernando Pezão na última sexta-feira (4) à Assembleia Legislativa poderão penalizar a população.
"Se aprovadas, produzirão penosos e imediatos efeitos sobre a população em geral e, particularmente, sobre o funcionalismo público estadual, alcançando, inclusive, os membros e servidores da nossa instituição", disse Vieira, em nota.
"Como chefe do Ministério Público, tenho absoluta consciência da gravidade do momento e da inarredável necessidade de que todos os atores sociais, públicos e privados, somem forças para sua superação", ponderou.
Segundo Vieira, mesmo diante da crise, qualquer medida a ser adotada no plano legislativo tem que "observar estritamente os balizamentos constitucionais".
O procurador-geral convocou uma reunião com assessores da área técnico-jurídica da Procuradoria-Geral de Justiça para avaliar a constitucionalidade dos projetos apresentados pelo Executivo fluminense.
No comunicado, Vieira criticou, entre outras medidas, a proposta de aumentar o desconto previdenciário do salário de servidores.
"Não há como aquiescer com o confisco ou o apoderamento de parte da remuneração de agentes públicos, mediante exponencial aumento de contribuições sociais ou extinção de benefícios estatutários. Isso enfraquece o próprio serviço público, gerando reflexos imediatos nos direitos assegurados à população, que já será afetada severamente pelos aludidos projetos, com a extinção e a restrição de programas sociais em áreas sensíveis como moradia, transporte, alimentação e saúde."
Medidas
Na última sexta-feira (4), o governo do Rio de Janeiro anunciou um pacote medidas para enfrentar a crise financeira no estado. O pacote inclui 22 projetos de lei, que ainda deverão ser apreciados pela Assembleia Legislativa, e seis decretos, já publicados no Diário Oficial.
Um dos principais pontos é o aumento da contribuição previdenciária, que, se aprovado, passa de 11% para 14% para servidores ativos e inativos. Além desse aumento, a proposta do governo é que todos os servidores - incluindo aposentados e pensionistas que ganham menos de R$ 5.189, atualmente isentos da taxa - tenham um desconto previdenciário extra por 16 meses.
Segundo a proposta, nesse período, a alíquota previdenciária será de 30% para todos os servidores estaduais ativos e inativos. O governo também pretende extinguir alguns programas sociais, como o Renda Melhor e o Renda Melhor Jovem.
O Aluguel Social, destinado a desabrigados, também deve ser extinto.
O pacote também inclui a proposta de municipalizar o programa Restaurante Cidadão, de restaurantes populares. Os que não forem municipalizados serão extintos até junho do ano que vem.
Além disso, o Executivo fluminense anunciou a redução de 20 para 12 secretarias e a extinção de sete autarquias e fundações.