Médicos que participaram da cirurgia de Jair Bolsonaro (Reprodução/ Redes socias)
Agência de notícias
Publicado em 14 de abril de 2025 às 09h52.
A equipe médica responsável pela cirurgia do ex-presidente Jair Bolsonaro afirmou que o resultado da intervenção foi satisfatório, mas que não há previsão de alta. O ex-presidente está se alimentando por via intravenosa no momento.
— A cirurgia foi extremamente complicada, havia muitas aderências. O procedimento terminou muito bem, com resultado excelente — disse o cardiologista Leandro Echenique. — É claro que isto implica com alguns cuidados de pós-operatório, que será acompanhado nos próximos dias. Não houve complicação, era um procedimento complexo. O organismo do paciente tem uma resposta inflamatória, é comum, e pode levar a intercorrências, como infecções e aumento de pressão. Ele precisa de medidas específicas pelo aumento do risco de trombose. Vai ser um pós-operatório delicado e prolongado. Não há qualquer previsão de alta.
O médico informou ainda que não há "sequer previsão de Bolsonaro sair da UTI". Em post nas redes sociais na madrugada, a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro havia afirmado que ele tinha seguido para o quarto.
Outro integrante da equipe, Cláudio Berolini afirmou que a cirurgia foi necessária porque a distensão no abdomen de Bolsonaro não cedia.
— Vimos que a distensão não diminuía, o que indicou o tratamento cirúrgico. A grosso modo, o abdomen dele é um ambiente hostil, pelas cirurgias prévias e a facada recebida. Para se ter ideia, foram necessárias duas horas de cirurgia só para acessar a parede abdominal dele. O intestino dele estava sofrido, o que nos leva a crer que ele já estava com este quadro há meses. Isto contribuiu para a decisão de intervenção cirúrgica. Esperamos que ele não precise de uma nova cirurgia nas próximas horas. Novas aderências vão se formar, isto é esperado, mas não pensamos que esta cirurgia não foi definitiva — acrescentou Berolini.
Internação às pressas
Bolsonaro foi submetido no domingo a uma cirurgia para desobstruir parte do intestino no hospital DF Star, em Brasília. A intervenção de “grande porte” para descolar as chamadas “aderências” no órgão e reconstruir a parede abdominal durou cerca de 12 horas e foi concluída sem intercorrências, segundo a equipe médica responsável.
"Está estável clinicamente, sem dor, recebendo medidas de suporte clínico, nutricional e prevenção de infecções", diz o boletim médico divulgado no domingo.
Bolsonaro passou por uma “laparotomia exploradora”, procedimento que consiste em cortar o abdome para examinar os órgãos internos. No caso do ex-presidente, houve o diagnóstico de retenção do trânsito do intestino. O objetivo, então, foi desfazer as “aderências” que bloquearam a digestão do paciente. Depois, houve a reconstrução da parede abdominal, feita para reforçar a musculatura dessa parte do corpo.
“O procedimento de grande porte teve duração de 12 horas, ocorreu sem intercorrências e sem necessidade de transfusão de sangue”, informou um trecho do comunicado dos médicos que fizeram o procedimento no DF Star.
Os profissionais acrescentaram que a obstrução intestinal era resultante de uma dobra do intestino delgado que dificultava o trânsito intestinal e que foi desfeita durante o procedimento. Bolsonaro foi encaminhado para a Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e, segundo os médicos, está “estável clinicamente, sem dor, recebendo medidas de suporte clínico, nutricional e prevenção de infecções”.
Bolsonaro passou mal na última sexta-feira, no Rio Grande do Norte, após sentir os efeitos da retenção intestinal, e foi transferido no dia seguinte para o Distrito Federal. A operação começou pouco depois das 10h de ontem e terminou por volta das 21h. O problema de saúde do ex-presidente é uma sequela do ataque a faca contra ele há sete anos, durante a campanha de 2018.
Duração maior
Inicialmente, Michelle Bolsonaro anunciou que a cirurgia no intestino de Bolsonaro terminaria entre 19h e 20h. No entanto, ela voltou às redes por volta das 18h para informar que o procedimento iria durar uma ou duas horas além do esperado. A ex-primeira dama já havia adiantado que a cirurgia seria longa.
Pouco antes do término da operação, a senadora Damares Alves (Republicanos-DF) falou sobre o caso a jornalistas e apoiadores do ex-presidente:
— Toda cirurgia no intestino é delicada, e não estamos falando de um menino, é uma pessoa que já tem uma idade e que já passou por essa cirurgia. São sequelas, a família sempre soube que ele nunca teria uma vida normal depois que tentaram matá-lo.
O ex-presidente participava, na sexta-feira de manhã, de um ato político no Rio Grande do Norte quando começou a sentir dor na região da barriga. Ele foi atendido às 11h15 em um hospital na cidade de Santa Cruz, a 115 quilômetros da capital potiguar, e depois foi transferido para Natal. Segundo boletim médico anterior, Bolsonaro apresentava um quadro de distensão abdominal.
Ao avaliar a situação de saúde do ex-presidente, a equipe médica ficou preocupada com indícios de piora no quadro. Desde a facada em 2018, Bolsonaro tem histórico de interrupção do trânsito no intestino, que é controlada a partir de medicação.
— Da forma como ele chegou, bastante desidratado, com muita dor e distensão abdominal exuberante, dá para dizer com alguma segurança que esse foi o quadro mais exuberante em relação aos quadros anteriores que ele apresentou. Embora eu não tenha acompanhado presencialmente as outras ocasiões — afirmou em coletiva o médico Claudio Birolini, que acompanha o quadro clínico de Bolsonaro e participou da cirurgia em Brasília.
Alguns conselheiros queriam que Bolsonaro fosse acompanhado em São Paulo pela equipe do médico Antonio Luiz Macedo, que monitora seu estado desde a época da facada. Michelle, porém, se opôs à ideia e optou por realizar a cirurgia em Brasília, sob os cuidados de Birolini, especialista em parede abdominal.
A obstrução intestinal, causa da internação de Bolsonaro, ocorre quando há bloqueio do intestino, parcial ou completo, o que impede o funcionamento normal do sistema digestivo ou a passagem das fezes. O ex-presidente também foi hospitalizado devido ao problema em maio do ano passado, em 2023 e em 2021. Em 2023, ele também chegou a ser operado para resolver a questão.