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Médica cubana afirma que não recebe o salário que prometeram

Os médicos cubanos atuam no Brasil em regime diferente dos que se inscreveram individualmente no Mais Médicos


	Mais Médicos: médica cubana está desde ontem na sala da liderança do DEM na Câmara dos Deputados, onde passou a noite (Elza Fiuza/ABr)

Mais Médicos: médica cubana está desde ontem na sala da liderança do DEM na Câmara dos Deputados, onde passou a noite (Elza Fiuza/ABr)

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Da Redação

Publicado em 5 de fevereiro de 2014 às 12h04.

Brasília - A médica cubana Ramona Matos Rodriguez, que não quer mais integrar as equipes do Programa Mais Médicos, vai permanecer na Câmara dos Deputados até o governo responder o pedido de asilo político.

Ramona está desde ontem (4) na sala da liderança do DEM na Câmara dos Deputados, onde passou a noite.

“Fui enganada pelo governo de Cuba. Fizeram-me assinar um contrato com um valor e quando vim para cá e falei com outros médicos colombianos e venezuelanos soube que eles estavam recebendo R$ 10 mil”, contou ela, que trabalhava no município de Pacajá (PA).

O contrato assinado pela cubana prevê um pagamento de US$ 400 (pouco mais de R$ 900). Outra parcela de US$ 600 seria depositada em uma conta em Cuba.

“Compreendi que isso não está certo. Aqui tem muita internet, muita informação.”

Os médicos cubanos atuam no Brasil em regime diferente dos que se inscreveram individualmente no Mais Médicos.

O Ministério da Saúde brasileiro firmou acordo com a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) para que a entidade internacional busque parcerias para a vinda de médicos ao país.

No acordo, os repasses financeiros são feitos do Ministério da Saúde para a Opas, da Opas para o governo cubano, que paga os médicos.

Ramona ainda contou que desde que chegou ao Brasil – no final do ano passado, como uma das médicas da segunda equipe enviada por Cuba para o Mais Médicos – vem sendo vigiada por outros médicos cubanos.


“Eu percebia [que estava sendo vigiada]. Tinha que falar tudo, para onde ia e não podia ir para qualquer lugar”, disse. “As pessoas podem pensar muitas coisas, mas não podem falar. Se falar tudo o que estou contando, ela vai ser deportada para Cuba e ser presa”, acrescentou.

A cubana chegou a Brasília no último sábado (1º), de carro, depois de sair do alojamento onde prestava serviços médicos no município paraense.

Ela conta que teve ajuda de amigos brasileiros, cubanos e de outros estrangeiros.

Para não levantar suspeitas, a médica contou, às colegas que dividiam a mesma casa, que iria à zona rural.

Quando chegou a Marabá, conseguiu embarcar em um voo direto para Brasília. Como os profissionais que são enviados para o Brasil, Ramona estava com passaporte e, por isso, não teve problemas para embarcar.

Ela ficou dois dias na casa de um amigo antes de chegar à Câmara. Segundo a médica, agentes da Polícia Federal (PF) foram ao alojamento em busca dela e interceptaram algumas ligações.

O líder do DEM, Mendonça Filho (PE), disse que o partido já solicitou uma audiência com o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, para que o governo possa explicar a atuação da PF.

O encontro está confirmado para o início da tarde. Cardozo dará coletiva às 13h sobre o caso.

Mendonça Filho disse ainda que a assessoria jurídica do partido deve concluir até o fim da tarde o pedido de asilo da cubana. A expectativa é protocolar o documento ainda hoje (5) no Comitê Nacional para os Refugiados (Conare) do Ministério da Justiça.

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