Agência de notícias
Publicado em 19 de junho de 2024 às 13h37.
Última atualização em 19 de junho de 2024 às 13h44.
Em audiência pública na Comissão de Relações Exteriores na Câmara dos Deputados, o chanceler Mauro Vieira afirmou que o fato de o embaixador Frederico Meyer ter sido retirado da representação brasileira em Tel Aviv não significa o rompimento das relações do Brasil com Israel. Vieira disse que a embaixada continua aberta, sob o comando do encarregado de negócios, Fábio Farias.
"O embaixador já deixou a embaixada, mas isso não quer dizer que rompemos as relações com Israel. Retirar o embaixador é muito aquém de um rompimento", afirmou o chanceler.
Meyer deixou o posto em Tel Aviv no início deste ano, depois ter sido convocado pelo ministro das Relações Exteriores israelense, Israel Katz, a uma cerimônia pública no memorial do Holocausto, em Jerusalém. O objetivo foi repreender o diplomata brasileiro por uma declaração do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que comparou os ataques de Israel a palestinos que estão na Faixa de Gaza à morte de judeus durante a Segunda Guerra Mundial pelos nazistas.
Lula passou a ser classificado como persona non grata pelo governo de Israel. O Itamaraty considerou o tratamento dado a Meyer como humilhante. Recentemente, o embaixador foi nomeado representante do Brasil na Conferência Especial do Desarmamento, órgão da ONU sediado em Genebra.
Durante a audiência pública, Mauro Vieira foi cobrado por parlamentares da oposição, que reclamaram da falta de apoio do governo Lula a Israel. O deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) chegou a dizer que o Brasil voltou a ser um “anão diplomático”, em uma referência a um episódio que aconteceu em 2014.
Na época, após o então chanceler Luiz Alberto Figueiredo chamar o embaixador brasileiro para consultas, por causa da escalada da violência na Faixa de Gaza, o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores de Israel, Yigal Palmor, chamou o Brasil de “anão diplomático”.
"O Brasil volta a ser um anão diplomático novamente", disse o parlamentar, filho do ex-presidente Jair Bolsonaro.
Vieira reafirmou a posição do Brasil pelo reconhecimento de dois Estados, o israelense e o palestino. Enfatizou que Lula condenou os ataques terroristas do Hamas e sempre defendeu a libertação dos reféns que estão nas mãos do grupo extremista. Mas disse que o uso da força militar por Israel é desproporcional.
— Até uns dez dias atrás, havia 38 mil mortos em Gaza. Se compararmos com o número de mortos no conflito da Ucrânia, o número é menor ou está perto disso.