(Senado/Reprodução)
Repórter de Brasil e Economia
Publicado em 11 de julho de 2023 às 11h05.
Última atualização em 11 de julho de 2023 às 11h08.
O tenente-coronel Mauro Cesar Barbosa Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro, disse nesta terça-feira, 11, em sua fala inicial que irá permanecer em silêncio durante o depoimento na Comissão parlamentar mista de inquérito (CPMI) do 8 de Janeiro.
"Nesse momento, com o devido respeito às vossas excelências, passo a esclarecer os motivos da postura que adotarei ao longo dessa sessão. (...) Considerando a minha inequívoca condição de investigado, orientação da minha defesa e com base no habeas corpus concedido em meu favor pelo Supremo Tribunal Federal (STF), farei uso do meu direito constitucional à defesa", afirmou Cid.
Em uma discurso de 8 minutos, Mauro Cid disse que não tem qualquer responsabilidade sobre a gestão Bolsonaro e apenas cumpria suas atribuições de funcionário do ex-presidente. "Da mesma forma, exatamente pela descrição da função, não questionávamos o que era tratado nas reuniões. Nos quatro anos que estava no papel, não participava da atividade relativa à administração pública", disse o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro.
O ex-ajudante de ordens negou ter qualquer relação pessoal com o ex-presidente Jair Bolsonaro. Cid disse que sempre ficou do lado de fora das salas de reuniões do político, sem discutir o teor das conversas. "Minha nomeação jamais teve qualquer ingerência política. (...) Não estava na minha esfera de atribuições de analisar propostas ou demandas trazidas. Não participávamos da gestão pública", garantiu.
Na primeira pergunta do depoimento, realizada pela relatora da CPMI, Eliziane Gama (PSD-MA), o tenente-coronel Mauro Cid afirmou novamente que ficaria em silêncio.
Os deputados e senadores querem questionar Cid sobre um relatório da Diretoria de Inteligência da Polícia Federal que mostra ter sido encontrado no telefone celular de Mauro Cid uma minuta de Garantia da Lei e da Ordem (GLO). No documento, intitulado “Forças Armadas como poder moderador”, é apresentado um plano baseado numa tese controversa em que militares poderiam ser convocados para arbitrar conflitos entre os Poderes.
O ex-ajudante de ordens também deverá ser arguido sobre os diálogos que manteve com o coronel Jean Lawand Júnior, em dezembro do ano passado, e também foram recuperados em seu telefone. Nas conversas, há frases como "convença o 01 a salvar esse país", "o presidente vai ser preso" e "Cidão, pelo amor de Deus, cara. Ele dê a ordem, que o povo está com ele, cara".
Na oitiva, os deputados e senadores ainda pretendem questionar o ex-ajudante de ordens sobre a tentativa de reaver joias não declaradas da Arábia Saudita no Brasil e ainda sobre gastos da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro. Nas conversas rastreadas pela Polícia Federa, o militar aparece trocando mensagens com duas de suas assessoras as orientando sobre o pagamento em espécie das despesas.
Com Agência o Globo.