João Dória Junior: ele é acusado por compra de votos e de ter cometido irregularidades, como propaganda indevida e transporte de filiados do PSDB até os diretórios da capital (.)
Da Redação
Publicado em 7 de março de 2016 às 11h56.
São Paulo - O vereador Andrea Matarazzo, um dos dois pré-candidatos nas prévias do PSDB para definição de quem vai disputar a Prefeitura de São Paulo pelo partido, decidiu apelar à Justiça comum para impugnar a chapa do empresário João Doria, vencedor do 1.º turno e adversário do parlamentar na votação marcada para o dia 20.
Apoiado pelo governador Geraldo Alckmin (PSDB), Doria é acusado por adversários de ter comprado votos de militantes e de ter cometido irregularidades, como propaganda indevida e transporte de filiados do PSDB aptos a votarem até os diretórios zonais da capital.
O empresário, que nega as irregularidades, foi alvo de impugnação apresentada pelo ex-deputado José Aníbal, que apoiou o deputado Ricardo Tripoli, terceiro colocado no 1.º turno das prévias, e pelo ex-governador Alberto Goldman, do grupo de "tucanos históricos", como o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e os senadores José Serra e Aloysio Nunes Ferreira, que preferem Matarazzo.
"Longe de ser ridículo, é um pedido bastante sério. Você não pode gastar dinheiro e fazer propaganda antecipada. Vamos exigir que se aplique aqui o que PSDB defende em Brasília: ética na política", afirmou Matarazzo. "Existem muitos indícios de que meu adversário comprou votos."
Na semana passada, em entrevista coletiva depois de um evento, Alckmin classificou como "rídículo" o pedido de cassação de Doria feito ao diretório municipal do PSDB. Ontem, o governador encontrou adversários de Doria, como Aníbal, em evento na zona norte.
Aliado do governador e um dos coordenadores da pré-campanha do empresário, o presidente do diretório tucano da Mooca, Fabio Lepique, ironizou a ofensiva de Matarazzo contra Doria e defendeu o processo interno do PSDB. "As prévias são a forma mais democrática de se escolher o candidato. Acabou-se a época dos herdeiros e dinastias."
Relatoria
A avaliação de Matarazzo é de que o processo interno para apurar se houve ou não irregularidade por parte de Doria está "contaminado", já que o relator escolhido para a apuração interna é Jorge Farid, tucano próximo do empresário. Ele foi designado pelo vereador Mario Covas Neto, presidente do PSDB da capital.
A decisão final sobre o caso cabe aos 71 membros do diretório municipal. O relatório de Farid deve ser apresentado no dia 14, mas já há expectativa de que isente Doria de irregularidades.
"Não podemos legitimar um processo que está contaminado. O relator diz que apoia o Doria. Vamos entrar na Justiça comum. Tudo está sobejamente fotografado, filmado, gravado", afirmou Matarazzo.
O advogado Alexandre Bissoli, representante de Doria, disse que, com a representação na Justiça comum, Matarazzo pretende "inverter a ordem das coisas". "Juridicamente, não vejo o que Andrea quer buscar na Justiça comum sem antes encerrar o processo interno", disse.
Segundo Bissoli, esse processo está ainda em fase inicial porque Doria sequer foi notificado da ação. "Como se pode ingressar na Justiça comum para questionar algo que não aconteceu sequer na esfera partidária? É pular uma etapa. Me arrisco a dizer que a Justiça comum não tem nem o que fazer neste momento."
As prévias estão marcadas para o dia 20. Se o caso se arrastar na Justiça, a definição da candidatura tucana poderia ser adiada até a convenção do partido, em junho. O diretório estadual, que é controlado por Alckmin, tem poder de intervir no municipal.
E o nacional, presidido pelo senador Aécio Neves (MG), poderia dar a palavra final em caso de impasse entre os tucanos.
Aécio, entretanto, já afirmou que espera uma solução por parte dos dirigentes do PSDB em São Paulo.