Marta Suplicy: ministra explicou que ideia de pedir mais dinheiro do pré-sal ainda é embrionária, mas ressaltou que, com apoio da cultura de raiz, pode-se obter mais recursos (Valter Campanato/ABr)
Da Redação
Publicado em 3 de outubro de 2013 às 17h58.
São Paulo – A ministra da Cultura, Marta Suplicy, disse hoje (3) que todos os pedidos de mais políticas públicas feitos pelos grupos culturais que atuam no país são imprescindíveis.
Ao abrir o Encontro Nacional de Culturas Populares e Tradicionais, a ministra destacou o papel desses grupos no fortalecimento da cultura e do patrimônio imaterial do país, mas admitiu que será uma luta colocar tudo em prática, porque os recursos destinados à pasta são sempre mais escassos do que para outros setores.
“Com essa união dos grupos, poderemos ter um avanço no Congresso Nacional", disse Marta, lembrando que é preciso ter uma boa estratégia. Segundo ela, a cultura geralmente é "o patinho feio", porque nunca sobram recursos. "No ano que vem, teremos menos, mas, para a cultura popular, vamos manter”, garantiu a ministra.
Marta levantou a possibilidade de pleitear no Congresso Nacional que seja destinada à cultura parte dos recursos do pré-sal. “A cultura é a identidade de um povo e, na medida em que o Brasil hoje tem outro papel internacional, precisamos de outra presença, além da identidade do futebol e do carnaval."
A ministra explicou que a ideia de pedir mais dinheiro do pré-sal ainda é embrionária, mas ressaltou que, com o apoio da cultura de raiz, que é forte e desprezada financeiramente, há possibilidade de se obter uma fatia maior dos recursos.
Ela disse que deputados e senadores têm sensibilidade para isso. “Tanto é que temos conseguido aprovar todas as leis de que precisamos.
Em um ano, aprovamos o Sistema Nacional de Cultura, o vale-cultura, a fiscalização do Escritório Central de Arrecadação e Distribuição (Ecad), o Cultura Viva. Foi muita coisa, e havia itens tramitando há oito anos”, ressaltou.
Moradora da Ilha de Marajó, no Pará, a conselheira do Patrimônio Imaterial Edna Marajoara destacou que encontros como o de hoje são necessários para consolidar a cultura e para que grupos tradiconais apresentem aos gestores suas necessidades e garantam as condições de continuar mostrando seu trabalho. “O espaço para exibição da real cultura brasileira está muito pequeno atualmente. O governo tem inúmeros espaços físicos abandonados, e nós nunca conseguimos ter acesso a esses locais, que podem ser sedes dos grupos, disse ela.
Dirceu Ferreira Sérgio, conhecido como Dirceu do Congado, da Irmandade Nossa Senhora do Rosário de Justinópolis, em Minas Gerais, defendeu a preservação das tradições que essa comunidade de músicos, dançarinos e cantores preserva há 125 anos na região da grande Belo Horizonte.
Dirceu contou que a entidade foi fundada por seu avô e que a tradição é passada de pai para filho, para que nada se perca no tempo.
“Assim como meus avós tinham aquele zelo de levar os filhos e os netos para a irmandade, para ocupar nosso tempo com algo que seria útil, nós temos esse cuidado também. Apesar de hoje ser diferente e de haver oferta de muita coisa no mundo, conseguimos levar as crianças e ensinar nossa cultura a elas”, disse Dirceu.
O Encontro Nacional de Culturas Populares e Tradicionais foi no Sesc Itaquera e contou com a participação de grupos de diversas partes do país que, além de mostrar sua arte, participaram de exposições, rodas de conversa, grupos de trabalho, mostra cultural e apresentações para recriar o ambiente das festas populares e tradicionais.