O ministro do Trabalho e Emprego, Luiz Marinho, é o entrevistado do programa Brasil em Pauta. (Valter Campanato/Agência Brasil)
Agência de notícias
Publicado em 1 de maio de 2025 às 16h57.
O ministro do Trabalho, Luiz Marinho, afirmou nesta quinta-feira que a permanência de Carlos Lupi à frente da pasta da Previdência dependerá de uma “avaliação política” e da capacidade do ministro de fazer a correção de rota no INSS, em meio às investigações sobre fraudes nos descontos de aposentadorias.
— A continuidade de um ministro (no cargo) muitas vezes passa pela avaliação política, não é simplesmente se ele tem culpa ou não tem culpa. Você pode ter uma situação política de ausência de sustentabilidade ou de manutenção da sustentabilidade — afirmou Marinho.
O ministro participou, em São Paulo, de ato do 1º de Maio promovido pelas centrais sindicais na zona norte da capital. Em conversa com jornalistas, ele citou a indicação de um novo presidente para o INSS, o procurador federal Gilberto Waller Júnio, e considerou que Lupi teria as ferramentas para fazer as correções no órgão:
— O ministro (Lupi) tem as ferramentas, agora, com a nova gestão do INSS, para poder tomar as decisões, fazer as correções de rota e dar garantia à sociedade que o INSS é uma instituição séria […]. A partir daí é uma decisão eminentemente política, que cabe ao presidente da República.
Marinho acrescentou que a crise “é um momento de oportunidade” para solucionar o problema. Investigações da Política Federal apontam que os descontos dos aposentados somaram R$ 6,3 bilhões entre 2019 e 2024. Mais cedo, no mesmo ato, o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Marcio Macêdo, defendeu que não havia nada que desabonasse a “conduta” de Lupi.
No palco do evento, convocado pela Força Sindical, UGT, CTB, CSB, Nova Central e Pública, o ministro do Trabalho também citou as investigações, destacando que “quem errou, vai pegar”, e afirmando que os aposentados seriam ressarcidos.
Ausente dos atos de 1º de Maio, o presidente Lula foi representado por Marinho, Macêdo e pela ministra Cida Gonçalves, da Mulher. Depois de deixarem a Praça Campo de Bagatelle, os ministros seguiram para evento da Central Única dos Trabalhadores (CUT), que decidiu realizar ato paralelo em São Bernardo do Campo.
No discurso, Marinho também defendeu o fim da escala de trabalho 6x1, principal reivindicação dos sindicatos no 1º de Maio. Segundo ele, “a economia brasileira tem toda a condição de suportar a redução da jornada máxima de trabalho” e é preciso “convencer o empresariado” da viabilidade da proposta.
—A economia brasileira tem toda a condição de suportar, neste momento, uma redução da jornada máxima de trabalho no Brasil para 40 horas imediatamente. É preciso pautar e levar a sério, como disse o presidente Lula ontem, o fim da escala 6x1. Isso não será num passe de mágica, é preciso mobilização.
Marinho também voltou a criticar os juros altos, que inibem investimentos, afirmou. A jornalistas, ele acrescentou que o patamar elevado da Selic atrapalha na geração da emprego:
—É uma luta do governo, sempre combatendo (mas) com a autonomia do Banco Central, o controle da inflação e o controle da taxa de juros, que é um inibidor de investimento.
Apesar de um ato mais cheio que o do ano passado, que tiveram cerca de 1,6 mil pessoas, a mobilização das centrais ficou aquém do que era esperado pelos sindicatos. Marinho, ao ser questionado sobre o público, admitiu que a mobilização foi menor do que esperado, mas atribuiu isso a um processo de “retomada” dos sindicatos:
— Não foi um público que eu estava acostumado no passado. Evidentemente eu acredito que a capacidade estrutural de mobilização também não foi a mesma que eles (sindicatos) tiveram no passado. Mas tudo isso faz parte de um processo. Tenho certeza que o ano que vem pode ter mais do que este ano e em 2027 pode ter mais do que em 2026 e assim sucessivamente.