Marina Silva: "Marielle já era uma heroína, pelo que fazia, assim como Chico Mendes" (Adriano Machado/Reuters)
Estadão Conteúdo
Publicado em 22 de março de 2018 às 22h20.
A pré-candidata à Presidência da República Marina Silva (Rede) criticou o governo federal por não ter um plano de segurança pública a ser implantado imediatamente no Rio de Janeiro.
"No Rio havia uma situação de descontrole, mas quando se anunciou a intervenção não havia planejamento. Nem o governo federal nem o estadual tinha qualquer preparo para atender essa emergência", afirmou Marina durante cerimônia promovida na tarde desta quinta-feira, 22, em um hotel no centro do Rio para a filiação de Eduardo Bandeira de Mello, presidente do Flamengo e pretenso candidato a deputado federal pela Rede-RJ.
"O governo do Rio se declarou incompetente e em estado de falência em relação às finanças e à segurança pública, e entregou a população à sua própria sorte. O problema da violência no Rio chegou a uma situação dramática, mas a intervenção foi anunciada antes de ser planejada. Não se trabalhou um plano nacional de segurança pública, e a consequência é essa. Em 2010 eu já dizia que era preciso tratar a questão de forma nacional, em 2014 disse a mesma coisa, e continuo afirmando. A questão da segurança pública não é só de polícia, é de justiça: justiça econômica, social, cultura, de respeito às comunidades, de criar oportunidades para os jovens", afirmou a pré-candidata.
Durante o evento houve um minuto de silêncio em homenagem à vereadora Marielle Franco (PSOL), assassinada em 14 de março, junto com seu motorista, Anderson Gomes. Para Marina, o caso tem repercussão nacional pela representatividade da vítima, mas não deve ser explorado eleitoralmente.
"Não se deve usar essa tragédia para qualquer tipo de resultado eleitoral, mas o que aconteceu impõe a nacionalização do debate, com todos os setores, porque todos somos afetados. O Rio está em 13º lugar (entre os Estados brasileiros) em índices de criminalidade, e no Nordeste há Estados em situação ainda pior", disse a pré-candidata.
Para Marina, Marielle "já era uma heroína, pelo que fazia, assim como Chico Mendes, cuja luta só teve grande repercussão depois de sua morte".
Questionada pela reportagem sobre o julgamento, pelo Supremo Tribunal Federal (STF), do habeas corpus em favor do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Marina disse que a lei não pode ser modificada para favorecer alguém em especial. "Nós não podemos fulanizar a lei. A lei tem que ser seguida e aplicada em relação a todos, tem que ser cumprida sem dois pesos e duas medidas", concluiu.
Para disputar o governo do Estado do Rio, a Rede deve lançar o deputado federal Miro Teixeira.
"O Rio tem um déficit gigante, mas, com uma boa gestão e combatendo a corrupção, é possível colocar as contas em ordem", afirmou a pré-candidato.