A ex-ministra propôs a adoção de uma linha de crédito a ser inserida no Orçamento para financiar ações de adaptação às mudanças climáticas (Marcelo Camargo/Agência Brasil)
Estadão Conteúdo
Publicado em 12 de setembro de 2022 às 14h48.
O ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Marina Silva (Rede-SP), ex-ministra do Meio Ambiente durante o governo do petista, deram uma entrevista coletiva nesta segunda-feira, 12, após anos de afastamento. Marina anunciou seu apoio, de forma independente, à candidatura de Lula ao Palácio do Planalto.
"Olhando para o que está acima de nós, manifesto meu apoio de forma independente ao candidato e futuro presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Compreendo que neste momento crucial da nossa História quem reúne as condições para derrotar Bolsonaro e a semente maléfica do bolsonarismo é a sua candidatura", afirmou Marina se dirigindo a Lula.
A ex-ministra falou do retrocesso do governo na questão ambiental e citou as ameaças à democracia que o País enfrenta.
"Estamos vivendo aqui um reencontro político e programático. Porque do ponto de vista das nossas relações pessoais, tanto eu quanto o presidente Lula nunca deixamos de estar próximos e de conversar, inclusive em momentos dolorosos de nossas vidas. Nosso reencontro político e programático se dá diante de um quadro grave da política do nosso país diante de uma ameaça, a ameaça das ameaças à nossa democracia", afirmou Marina.
Em seguida, o candidato à Vice-Presidência Geraldo Alckmin tomou a palavra e agradeceu o apoio da ex-ministra.
Lula foi o último a falar e citou um dia histórico. "A democracia pode acontecer, mesmo quando tem divergências pontuais. Hoje é um dia histórico para o PT, para a nossa candidatura, para o fortalecimento da democracia", afirmou.
O petista também falou sobre o afastamento entre ele e Marina nos últimos anos. "De vez em quando na política tomamos decisões de percorrer determinados caminhos, nem sempre a gente se encontra, mas também há momentos na História em que a gente se reencontra. E ele é importante não só pela qualidade do programa que a Marina apresenta. Mas muito mais pelo momento político que vivemos."
O ex-presidente falou que seu programa ambiental foi incrementado com o plano apresentado por Marina. "Questão ambiental será levada muito a sério com a inclusão das propostas da Marina...Não haverá mais garimpo ilegal neste País, propomos a criação do Ministério da Segurança Pública."
No documento entregue ao candidato Lula, a ex-ministra propôs a adoção de uma linha de crédito a ser inserida no Orçamento para financiar ações de adaptação às mudanças climáticas. A ideia de Marina é incentivar municípios a implementarem planos de monitoramento e contingência a eventos climáticos extremos.
Marina também sugeriu a Lula a recomposição e a ampliação de quadros técnicos e orçamentos de órgãos como o Ministério do Meio Ambiente (MMA), ICMBio e Ibama — sem, contudo, detalhar a verba necessária ou o impacto fiscal da medida.
A ex-ministra pede o retorno da Agência Nacional de Águas (ANA) ao MMA. Desde o início do governo Jair Bolsonaro, o órgão está sob o guarda-chuva do Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR).
Ministra do Meio Ambiente entre 2003 e 2008, Marina Silva deixou o cargo para representar o Senado pelo Acre, seu Estado de origem, alegando divergências com a gestão petista. À época, ela argumentou que faltava apoio para avançar na agenda ambiental.
Em 2009, deixou o PT para se filiar ao PV e, mais tarde, ajudar a fundar a Rede.
Candidata à Presidência em 2014 e 2018, ela enfrentou duros ataques de petistas, em especial na campanha de Dilma Rousseff à reeleição, na propaganda então comandada pelo marqueteiro João Santana, hoje contratado pelo candidato do PDT, Ciro Gomes.
O ressentimento dominou a relação de Marina com o PT até recentemente, quando a Rede decidiu apoiar a candidatura de Fernando Haddad (PT) ao governo de São Paulo, e ela se lançou candidata a deputada federal pelo Estado.
Marina chegou a ser cotada como "vice dos sonhos" por Haddad e até por Ciro, mas optou por disputar a Câmara dos Deputados e ajudar seu partido como "puxadora de votos".
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