Brasil

Marina diz que sabe separar fé do cargo de presidente

A candidata sustentou que, em sua carreira política e como senadora, não apoiou iniciativas religiosas


	Marina Silva: "os direitos da comunidade LGBT estão respeitados e assegurados no nosso programa", disse
 (PSB)

Marina Silva: "os direitos da comunidade LGBT estão respeitados e assegurados no nosso programa", disse (PSB)

DR

Da Redação

Publicado em 11 de setembro de 2014 às 14h29.

São Paulo - A presidenciável Marina Silva (PSB) defendeu nesta quinta-feira, 11, que sabe separar a sua fé pessoal do cargo na Presidência da República.

"A minha fé eu nunca neguei, nem como católica, nem como evangélica. Não acredito que o presidente tenha que negar sua fé para ser presidente da República", disse durante sabatina da qual participa, no Rio.

A candidata sustentou que, em sua carreira política e como senadora, não apoiou iniciativas religiosas. "Tenho 16 anos como senadora. Verifiquem quando usei meu espaço como senadora para promover qualquer coisa contra o Estado laico", desafiou.

Marina argumentou também que não faz perguntas aos seus adversários do ponto de vista religioso, pois não seria "honesto" instrumentalizar sua fé.

Perguntada sobre as erratas em seu programa de governo, com relação à alteração sobre ampliação do uso de energia nuclear e, especialmente, a mudança quanto ao trecho que falava dos direitos da comunidade LGBT, Marina reafirmou que foi um erro de processo, admitido pelos coordenadores de programa.

"Os direitos da comunidade LGBT estão respeitados e assegurados no nosso programa", disse ao criticar diretrizes de adversários que foram mais superficiais ao tratar do tema.

Com relação à adoção de crianças por gays, Marina disse que a questão está resolvida desde 2010 pela legislação, que tem "um olhar para a criança".

A candidata sinalizou ser favorável ao modelo em vigor, pelo qual, postulantes à adoção são avaliados por especialistas para verem se estão aptos à adotar, independentemente de orientação sexual.

Petrobras

A candidata disse ainda que o País acompanha uma campanha com forte característica de "distorção e boato". Ela reafirmou, em sabatina no Rio, que sua posição é de que o petróleo é uma fonte importante de energia para o Brasil e para o mundo.

"Os combustíveis fósseis, principalmente o petróleo, não têm ainda como serem substituídos. E isso não está sendo dito por mim, mas por todos os países do mundo."

Marina voltou a desmentir que seria contra a exploração do pré-sal e afirmar que a considera uma riqueza importante a ser explorada para alavancar o desenvolvimento do País. E provocou o governo de Dilma Rousseff (PT).

"A Petrobras estar quatro vezes mais endividada é que está ameaçando a exploração do pré-sal", disse em crítica à interferência do atual governo sobre a estatal.

Na tarde de hoje, a presidenciável participará de um ato no Rio para falar de suas propostas para desenvolvimento e energia.

Esporte

Marina Silva disse querer que o Brasil possa se sair bem ao receber as Olimpíadas em 2016, argumentando ser contra o discurso do "quanto pior, melhor".

"Hoje, infelizmente, está muito aquém", disse em relação à preparação do País para receber o evento, o que, segundo ela, gera preocupação.

Em eventual governo, Marina disse que o esporte receberia investimentos como área fundamental também para alavancar a inclusão social. Questionada se extinguiria o Ministério do Esporte, dentro de sua proposta de cortar à metade as atuais 39 pastas, Marina não respondeu.

"Não vamos fazer de forma apressada a menção de um ministério se vai sair ou se vai ficar", disse, ressalvando que a prestação de serviços públicos de todas as áreas é importante para o País.

Desmatamento

Marina negou que tenha responsabilidade sobre atrasos em grandes obras, como hidrelétricas, por causa do modelo de licenciamento ambiental que implementou quando era ministra do Meio Ambiente, entre 2003 e 2008.

A ex-ministra lembrou que, em sua gestão à frente do ministério, foram aprovados, em média, quase 300 licenças por ano, contra cerca de 150 no governo Fernando Henrique Cardoso (PSDB).

Ela afirmou que, no período em que foi ministra, houve diminuição significativa do desmatamento na Amazônia e, ao mesmo tempo, fez-se o licenciamento de obras complexas, como das usinas de Santo Antonio e Jirau, da BR-163, a Cuiabá-Santarém, e da transposição do Rio São Francisco. Segundo Marina, essas obras atrasaram por incompetência do governo.

A candidata disse não ser contra a construção de Belo Monte nem de Angra 3, no Rio, apesar de ser politicamente contra a energia nuclear. "No nosso programa, não estamos questionando o que está em andamento e o que está implementado", esclareceu.

Afirmou ainda que é contra a ampliação da fonte nuclear na matriz energética, pois ela impõe riscos com relação aos resíduos. Segundo Marina, o Brasil é rico em fontes alternativas, como bagaço de cana, energia solar e eólica, além da hidrelétrica, para precisar ampliar o uso da fonte nuclear.

Mensalão

Questionada sobre o escândalo do mensalão, que estourou enquanto ainda era ministra, Marina disse que defendeu o mesmo que defende hoje: que se investigue com rigor. Marina afirmou ainda que o Brasil já teve vários "mensalões", em referência aos diversos escândalos de corrupção da história recente do País, citando inclusive a suspeita de compra de votos de parlamentares para a aprovação da reeleição no governo de Fernando Henrique Cardoso.

"O Brasil precisa aprender com tudo isso em vez de nos alimentarmos politicamente com esses erros", afirmou.

Marina disse considerar que o brasileiro já deu demonstrações de que compreende isso nas manifestações de rua do ano passado.

"Não tinha um cartaz dizendo 'fora, Dilma'", afirmou, ao argumentar que hoje os brasileiros respeitam as instituições e fazem manifestações verdadeiramente políticas, por bandeiras, como saúde e educação.

Acompanhe tudo sobre:CelebridadesEleiçõesEleições 2014Marina SilvaPersonalidadesPolíticaPolítica no BrasilPolíticosPolíticos brasileirosReligião

Mais de Brasil

PF convoca Mauro Cid a prestar novo depoimento na terça-feira

Justiça argentina ordena prisão de 61 brasileiros investigados por atos de 8 de janeiro

Ajuste fiscal não será 'serra elétrica' em gastos, diz Padilha

G20: Argentina quer impedir menção à proposta de taxação aos super-ricos em declaração final