Marina Silva: "Nossa campanha terá que ser, em termos de mobilização, inteiramente fora da caixa, com pouco tempo de televisão" (Nacho Doce/Reuters)
Reuters
Publicado em 17 de abril de 2018 às 16h57.
São Paulo - A pré-candidata da Rede à Presidência da República, Marina Silva, trabalha com a possibilidade de repetir as mesmas alianças que teve em 2014, quando era candidata ao cargo pelo PSB, que discute agora se apresentará o ex-ministro do Supremo Tribunal Federal, Joaquim Barbosa, como pré-candidato.
"Continuo dialogando com os partidos com os quais caminhamos juntos em 2014, mas respeitando claro a dinâmica interna desses partidos", disse Marina a jornalistas, após evento em São Paulo.
"Uma boa parte deles deseja ter candidatos e eu acho que para a gente continuar conversando, não é necessário criar como regra que se abra mão de projetos iniciais", acrescentou a ex-senadora, que aparece em empate técnico na liderança com o deputado Jair Bolsonaro (PSL-RJ), nos cenários em que Lula não é candidato, segundo o Datafolha.
Em 2014, sem que a Rede já tivesse o registro partidário para poder disputar as eleições naquele ano, a maioria de seus integrantes que concorreram a cargos eletivos naquele ano acabaram filiados ao PSB.
Marina foi escolhida candidata a vice-presidente na chapa encabeçada pelo ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos. Com a morte de Campos, em um acidente aéreo durante a campanha, Marina assumiu a candidatura do PSB. Terminou em terceiro lugar, como já havia ocorrido em 2010, quando disputou pelo PV.
A coligação presidencial daquele ano, além do PSB, que era o partido ao qual Marina estava filiada, teve também PHS, PRP, PPS, PPL, e PSL.
Questionada pelos jornalistas se está conversando com Joaquim Barbosa, Marina disse que não, mas sinalizou positivamente à possibilidade dele entrar para a corrida.
"Saúdo a decisão dele de entrar para a política, acho que vai dar uma grande contribuição ao debate e respeito a atitude do PSB que está fazendo seu debate interno se terá ou não candidatura," disse.
A maioria no PSB é a favor da candidatura de Barbosa, mas a ideia vinha enfrentando resistências internas, principalmente entre os que desejam disputar governos estaduais e temem que uma campanha presidencial abocanhe muito dos recursos do fundo eleitoral.
Na pesquisa Datafolha divulgada no último domingo, a pré-candidata da Rede aparece em empate técnico na liderança com o pré-candidato do PSL, deputado Jair Bolsonaro (RJ), em cenários onde o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva não aparece como candidato. A pesquisa coloca-a como vencedora contra Bolsonaro num eventual segundo turno.
"Recebo como um registro de um momento. A gente ainda tem um tempo muito grande em que a sociedade vai avaliar o programa, as trajetórias, vai avaliar inclusive o próprio desempenho dos candidatos", disse Marina em reação à pesquisa.
Diante da perspectiva de ter uma coligação modesta em seu apoio, e consequentemente pouco tempo no horário eleitoral gratuito e poucos recursos do fundo eleitoral, Marina disse que sua campanha terá ser diferenciada. Mas ressaltou que não atuará na desconstrução de adversários.
"Nossa campanha terá que ser, em termos de mobilização, inteiramente fora da caixa, com pouco tempo de televisão, já assumimos o compromisso de que, assim como em 2010 e 2014, não vamos trabalhar com qualquer forma de desconstrução de candidaturas", disse.
"Nós rechaçamos qualquer forma autoritária de campanha, faremos um debate, mas um debate às claras. Não vamos entrar no esgoto da polarização política", acrescentou.
Na disputa de 2014, Marina foi alvo de artilharia pesada especialmente da parte da campanha da então presidente Dilma Rousseff (PT), que tentava a reeleição.