Marielle Franco, vereadora do PSOL morta no Rio de Janeiro (Marielle Franco/Facebook/Divulgação)
Estadão Conteúdo
Publicado em 15 de março de 2018 às 14h18.
Última atualização em 15 de março de 2018 às 14h19.
São Paulo - Quinze horas após a morte de Marielle Franco, vereadora do PSOL, assassinada na quarta-feira, 14, no Rio, "Marielle" é o assunto mais comentado do Twitter Mundial. Por volta das 12h30 desta quinta-feira, 15, a rede social registrava 289 mil tuítes sobre a parlamentar. Entre as principais hashtags utilizadas em referência ao crime, estão #MariellePresente, #NãoFoiAssalto e #MarielleVive.
Diversos veículos de comunicação internacionais repercutiram o assassinato da vereadora. Jornais, como o The Guardian (Inglaterra) e o New York Times (Estados Unidos) reproduziram em seus sites informações sobre o crime.
A agência espanhola EFE ainda lembrou da intervenção do Exército na segurança pública do Rio de Janeiro e destacou que o ataque aconteceu um dia depois da vereadora voltar a criticar a intervenção em mensagem nas redes sociais. A Anistia Internacional exigiu "uma investigação imediata e rigorosa" do crime, em um comunicado veiculado no Facebook da entidade defensora dos direitos humanos.
A legisladora, uma socióloga de 38 anos, nascida no Complexo da Maré, uma das áreas mais violentas da cidade, era a relatora da comissão do Conselho criado para fiscalizar as operações policiais após o início da intervenção militar.
Ela ficou conhecida como militante do movimento negro e de direitos humanos, com denúncias recentes de violência policial contra moradores de favelas no Rio.
O ataque a tiros à Marielle ocorreu na Rua Joaquim Palhares, no centro do Rio. Ela voltava de um evento na Lapa, na mesma região, quando foi atingida. O motorista Anderson Pedro Gomes, de 39 anos, que dirigia o carro também morreu baleado. Ele estava desempregado e trabalhava fazendo bico.
Marielle Franco nasceu em 1979 no Complexo da Maré, na zona norte do Rio. Se formou em Ciências Sociais pela Pontifícia Universidade Católica do Rio (PUC-Rio) e fez mestrado em Administração Pública pela Universidade Federal Fluminense (UFF). Na dissertação para obter o título de mestre, pesquisou as Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs).
Segundo seu site pessoal, iniciou a militância em direitos humanos após ingressar em um pré-vestibular comunitário e perder uma amiga vítima de bala perdida em um tiroteio entre policiais e traficantes na Maré. Foi eleita vereadora do Rio pelo PSOL com 46,5 mil votos - a 5ª maior votação.
Apoiava projetos para punir o assédio em espaços públicos, em defesa de casas de parto e do aborto legal. Nas redes sociais, se posicionava contra o racismo e a violência policial. Em sua última publicação, divulgou vídeo do encontro de mulheres negras na Lapa, na região central, pouco antes de ser morta. No sábado, protestou contra ação policial no Acari, na zona norte.
Ao longo de sua trajetória, atuou em organizações como a BrazilFoundation, que defende a igualdade social, e o Centro de Ações Solidárias da Maré (Ceasm).